quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Ciclos da Vida

 Ciclos da Vida


   Conforme já vimos, a expectativa de vida é de 75 anos, este é o ciclo de vida completo. Dividido por dois, temos 37 anos, meia vida. O ser humano leva 37 anos para atingir o ápice da maturidade, e durante os 37 anos seguintes o corpo vai perdendo a força até o término da vida. Esse é o tempo que uma pessoa deve se dedicar ao trabalho, ou seja, 37 anos de serviço deve ser o prazo máximo para a pessoa se aposentar. A pessoa deve constituir família até no máximo 37 anos, depois disso deve se concentrar em desenvolver esta família, educar os filhos, constituir seu patrimônio para poder depois gozar da aposentadoria.
   Dividido por três, temos 25 anos. Esse é o tempo que leva para o ser humano amadurecer, é o tempo que dura sua fase madura, é o tempo que leva para envelhecer até a morte. Até os 25 anos de vida, a pessoa deve se dedicar aos estudos e sua formação como profissional e como cidadão. Dos 25 aos 50 anos a pessoa vive sua fase produtiva. Após os 50 anos de idade, a pessoa começa a envelhecer e o ritmo de trabalho deve ser menor. O ideal seria as pessoas após essa idade se dedicarem a ensinar o seu ofício, ou atuarem como conselheiros, consultores, ajudando os mais novos com sua experiência. Esse também é o período mínimo para o cidadão poder ter sua aposentadoria. Ninguém deverá se aposentar antes de ter prestado pelo menos 25 anos de serviço. Existem casos de invalidez e incapacidade, porém, caso a pessoa sofra algum revés como acidente ou doença, deve ser verificada a possibilidade de remanejamento daquela pessoa. Por exemplo, um torneiro mecânico que sofreu um acidente de trabalho e perdeu alguns dedos da mão. Sua habilidade como torneiro mecânico está comprometida, mas ele ainda pode trabalhar em outras áreas dentro da mesma metalúrgica, fazendo serviços administrativos, por exemplo, ou ainda, dando aulas, cursos, antecipando aquilo que ele faria quando ficasse mais velho. Somente se a pessoa ficou totalmente incapacitada, sem possibilidade de atuar em nenhuma área (dentro daquele setor da economia onde ele já trabalhava), aí sim poderia ser dada a sua aposentadoria precoce por invalidez. A idade mínima para a aposentadoria é 50 anos.
   Dividido por quatro, temos 19 anos. Esse é o prazo para o término da vida escolar da pessoa. Dividido por 5, temos 15. Com 15 anos o cidadão deve ter concluído o ensino básico e assim atinge sua maioridade, ou seja, atinge a sua plena capacidade de cidadão. Até os 15 anos a pessoa deve ser considerada uma criança, após os 15 anos, ao se formar no ensino básico, passa a ser um cidadão e tem todos os direitos e deveres. Faltando 15 anos para o término do ciclo da vida, ou seja, com 60 anos, a pessoa deixa de ser considerada um cidadão para ser um ancião. Mais pra frente iremos abordar mais profundamente o papel das crianças, cidadãos e anciãos na sociedade.
   Dividindo por seis, temos 12. Esse é o ciclo médio dentro da vida das pessoas. Até os 12 anos somos crianças. Dos 12 aos 25 somos jovens. Dos 25 aos 37 é a fase de constituição da família. Dos 37 aos 50 é a fase de crescimento material da família. Dos 50 aos 62 anos vem a fase de término da vida produtiva, aposentadoria. A partir dos 62 anos é a fase final da vida, a velhice propriamente dita. Dividido por sete, temos 10 anos. Uma década, uma geração. Esse é o período de análise para as políticas públicas e para os estudos sociais.
   Poderíamos continuar fazendo as divisões e obtendo os ciclos menores da vida da pessoa, esses ciclos servem para fazer diferentes cálculos de prazos para diferentes aplicações, até chegar ao ciclo menor, que é de 2 anos. A cada década esses cálculos devem ser refeitos, levando-se em conta a evolução da expectativa de vida das pessoas.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

A Partícula Deus

A Partícula Deus


   Recentemente cientistas descobriram a existência de uma partícula que ficou conhecida como a partícula Deus. Essa partícula é a origem das massas das partículas subatômicas, e por estar intrinsecamente ligada à origem da matéria como conhecemos, foi chamada de partícula Deus. Ela foi teorizada em 1964 pelo físico Peter Higgs e por isso foi batizada de Bóson de Higgs. É o Bóson de Higgs o responsável pelas características das partículas subatômicas. Uma mesma partícula está na origem de todos os átomos.
   A ciência e a religião estão dizendo a mesma coisa. Existe uma origem comum para tudo. O Bóson de Higgs nada mais é do que o início da manifestação material. Ele não é a Causa Primordial, mas é uma partícula emanada da Causa Primordial, e o início da matéria.
   Nesse mundo nada se cria, tudo se transforma. Reconhecendo isto, e sabendo que existe uma Causa Primordial, fica claro que está Causa Primordial começa a se expandir e a se transformar em subprodutos. Como a Causa Primordial é a origem de tudo, toda a energia, tudo que existiu, existe e virá a existir no universo, ou melhor, em todos os universos, em toda a criação, em toda a manifestação, tudo isto, toda esta energia infinita está contida na Causa Primordial. Toda vida, todo o poder. A Causa Primordial é a origem de toda matéria, toda a vida e todo o poder, conforme estamos estudando. Então a Causa Primordial exala esse poder, essa força viva, essa energia em todas as direções, infinitamente.
   É impossível para o limitado compreender o ilimitado. Como conceber o infinito com uma inteligência finita? Mas podemos ter uma ideia, através de modelos e analogia.
   Todo esse poder, essa energia, essa vida que emana da Causa Primordial é uma energia luminosa, pois a luz é uma forma de poder, de energia, e também de vida. A escuridão é a ausência de luz, então a luz é uma forma de poder. A origem das cores e das formas. Então cada partícula dessa refulgência divina, desse brilho que se espalha em todas as direções. Cada partícula dessas, a menor partícula dessa energia, é a origem dos Bósons de Higgs.

O Ovo Supremo


   Para compreender melhor isso vamos utilizar um modelo. Vamos chamar essa refulgência que emana da Causa Primordial de Poder Absoluto. A partir do momento que a Causa Primordial se expande em Poder Absoluto Ela já está se transformando. O Poder Absoluto adquire as qualidades da Causa Primordial, mas este poder não é a Causa Primordial, ele próprio já é um subproduto dessa Causa Primordial, e ele é a origem de todo o resto da manifestação, por isso ele é a origem do Bóson de Higgs, o início da matéria. Como o Poder Absoluto se expande em todas as direções, a manifestação deve ter o formato esférico, só para nossa compreensão, pois a manifestação é infinita, mas é impossível para nós compreendermos o infinito, então vamos utilizar o modelo esférico. O planeta é esférico, o ovo é esférico, o átomo é esférico, então a totalidade da manifestação também é esférica. Seria como um ovo. A gema, o núcleo, é a Causa Primordial, a origem de tudo, Deus. A clara é o Poder Absoluto, toda aquela energia viva, todo o poder da criação e da expansão. A casca do ovo é a parte grosseira da manifestação, o mundo material. O lugar limitado pelo espaço-tempo onde vivemos e onde interagimos para depois podermos retornar ao Supremo. A casca do ovo é a borra desse Poder Absoluto, já é um subproduto dessa energia suprema, é onde o Bóson de Higgs passa a existir, limitado pela dimensão espaço-tempo, limitação esta inexistente no Poder Absoluto e na Causa Primordial. Vamos chamar essa casca, essa porção grosseira da manifestação, de Manifestação Material.

O Modelo Universal


   Podemos observar na manifestação que os modelos, os padrões, se repetem, por exemplo, um átomo funciona mais ou menos da mesma forma que o sistema solar. Uma sociedade pode ser analisada como um indivíduo, conforme já debatemos. O modelo macro é semelhante ao micro. Então, esse grande Ovo Supremo seria o primeiro modelo, o macro dos macros. O micro padrão dentro desse modelo seria o menor corte de um desses raios do Poder Absoluto que emanam da Causa Primordial. Se conseguíssemos isolar um desses raios e fazer o menor corte possível na raiz hipotética desse raio então teríamos a menor partícula, o micro padrão.

O Mundo Transcendental


   Esse micro padrão, essa menor partícula do Poder Absoluto, revestida de todas as qualidades desse poder absoluto, vai repetir o mesmo padrão do Ovo Supremo, assim como o átomo repete o padrão do sistema solar. Então, cada partícula dessas é um novo ovo. Dentro do Poder Absoluto, tudo é auto iluminado, pois o brilho, a luz, é uma qualidade do Poder Absoluto. Não tem como um raio de sol brilhar, se cada uma de suas partículas não brilhar. Então, dentro do Poder Absoluto, não há necessidade de sol ou outros astros reluzentes. Tudo brilha. Então, nessa parte da manifestação, cada partícula é uma planeta auto reluzente. Essa é a parte pura da manifestação. Vamos chamá-la de Mundo Transcendental. O Mundo Transcendental é o conjunto de planetas auto reluzentes, onde vivem as pessoas que já transcenderam aos desejos materiais. É o Reino de Deus. Em cada um desses planetas, Deus existe sob uma forma diferente e executa diferentes atividades para a felicidade de toda a sorte de pessoas. Deus se relaciona conosco da mesma forma que nós relacionamo-nos com Ele. Deus é infinito, e por isso existem infinitos planetas transcendentais para que, ao final de nossa existência nesse Mundo Material, nós possamos desfrutar com Ele em um planeta transcendental que atenda nossas limitações, no lugar mais agradável para nós. Esse é o Paraíso, o lugar perfeito, e o que é perfeito para mim, pode não ser para você, por isso a Manifestação Transcendental é infinita, pois é feita por um Deus infinito, para uma infinidade de pessoas. Então, cada planeta do Mundo Transcendental é a menor partícula do Poder Absoluto.

O Mundo Material


   Quanto mais longe do núcleo está o raio, menores são as qualidades de suas partículas, como se ele fosse perdendo a força. Lembrando que isto é apenas um modelo, pois a manifestação é infinita e o raio jamais perde a força, mas assim, ficaria impossível de nós compreendermos e de se estabelecer um modelo. Todas as qualidades estão presentes, mas elas vão diminuindo, então, do Poder Absoluto, vem a manifestação material. A borra, a casca, o dejeto desse Poder Absoluto é o Mundo Material.
   Diferente do Poder Absoluto, do Mundo Transcendental, a Manifestação Material não tem a capacidade auto reluzente que o Mundo Transcendental tem. Então, nessa parte da manifestação, cada partícula forma não mais um planeta, mas sim um universo escuro. Cada universo material é uma partícula dentro do Ovo Supremo. É uma partícula dessa casca. E o Bóson de Higgs é a menor partícula dentro desse universo. Subprodutos, nada se cria, tudo se transforma.
   Esse é o modelo de manifestação que eu proponho a vocês. Apesar de ser infinita, ilimitada, sem começo nem fim, precisamos entender como essa manifestação existe e funciona, por isso propomos um modelo de fácil compreensão para nosso cérebro limitado e finito. No próximo texto vamos analisar melhor como ocorre essa transformação do Poder Absoluto em Manifestação Material, e também nossa própria constituição e a constituição dos planetas transcendentais e dos universos materiais.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

O Indivíduo Social

O Indivíduo Social




   Já constatamos que essa manifestação material destina-se à interação das "centelhas vivas" do Supremo, para que possam transcender ao desejo, à luta pelo poder, e tornarem-se dignas do Reino de Deus. A interação social é então o mecanismo pelo qual transcendemos. Portanto, a sociedade é muito importante para nossa evolução. A sociedade é o motivo de estarmos aqui e é através dela que podemos nos libertar. Nós nos enxergamos nos outros, é assim que conhecemos nossas qualidades, nossos defeitos, nossos limites; e é assim que nos superamos, que evoluímos. Um indivíduo sozinho evolui muito mais lentamente do que um indivíduo inserido numa sociedade, isso já foi provado cientificamente. A diferença é gigantesca. Então, a sociedade é o meio necessário para a nossa evolução, ela é indispensável. Agora, para encontrarmos a sociedade ideal, precisamos entender o indivíduo. Passaremos a analisar então esse indivíduo social, dentro do conceito introduzido pelo parágrafo único do artigo 1º da nossa Carta Magna.

As Fases da Vida


   Todo indivíduo passa por cinco estágios de vida: nascimento, desenvolvimento, maturidade, envelhecimento, morte. O nascimento e a morte indicam o início e o final da vida do indivíduo, então, o indivíduo vive, na verdade, três estágios de vida: desenvolvimento, maturidade e velhice.
   O desenvolvimento é o período de formação do indivíduo, nesse período, a sociedade é responsável por este indivíduo. Este indivíduo em formação ainda não é capaz de executar seu papel na sociedade com plenitude, sendo dependente de outros membros da sociedade.
   O período de maturidade é o período no qual o indivíduo atua ativamente na sociedade, contribui para a manutenção da mesma com seu trabalho. São esses indivíduos que sustentam a sociedade.
   O período de velhice é o período final da vida do indivíduo. Nessa fase o indivíduo já cumpriu com sua obrigação dentro da sociedade, pagando com seu trabalho em troca do desenvolvimento que recebeu no primeiro estágio, e em troca do descanso merecido agora no estágio final. Nesse período o indivíduo pode não participar ativamente da sociedade, mas pode participar como consultor, como examinador, como mestre, etc., ou seja, compartilhando sua experiência.
   É muito importante que sejam definidos critérios justos na divisão desses estágios. Perceba também que os conceitos aqui defendidos aplicam-se as sociedades também, já que estamos falando de indivíduo social. As sociedades também nascem, crescem, se desenvolvem, envelhecem e morrem, dando lugar a novas sociedades.

Expectativa de Vida


   Perceba que a trajetória de vida do indivíduo começa com uma curva de ascensão, até atingir o topo, e depois vem a curva descendente. Devemos encontrar o ponto máximo, aonde termina a curva ascendente e começa a curva descendente, pois esse é o ponto onde o indivíduo está com a sua máxima capacidade de trabalho. Em condições ideais, ou seja, um indivíduo que tenha uma vida saudável, que tenha tido um bom desenvolvimento e boas condições de trabalho, o ponto máximo do seu desenvolvimento é no meio de sua vida. Em períodos de calamidade, guerras, pragas, etc, as pessoas sofrem mortes precoces. Por isso, para se calcular o ponto médio da vida de um indivíduo, devemos levar em conta a situação ideal.
   A média mundial atual é de 67 anos, porém, no mundo ainda existem muitos países em conflito, guerra civil, situações extremas que não podem ser consideradas no cálculo do tempo médio, pois fogem da normalidade. Devemos considerar apenas a expectativa de vida dos países mais desenvolvidos, onde as pessoas tem uma qualidade de vida melhor. O país com a maior expectativa de vida atualmente é o Japão, quase 83 anos. No meio da lista está o Egito, 72 anos. No Brasil a expectativa de vida atual é de 75 anos.
   Para extrair a expectativa de vida do indivíduo social para fins da divisão dos estágios da vida, vou considerar a média entre a média mundial, 66 anos, com a média do país com a maior expectativa de vida, o Japão, 83 anos. Pois a média mundial é o que temos hoje, incluídos aí todos os países em situações fora da normalidade. E o Japão é o país com o maior índice, ou seja, a meta para os demais. Sendo assim, nossa expectativa de vida fica em 75 anos e o ponto máximo é em 37 anos. Coincidentemente, o Brasil está dentro dessa média. O Brasil é o cenário ideal para o início da revolução, pois não é uma sociedade desenvolvida ainda, mas também não é uma sociedade vulnerável. Nós estamos bem no meio. Temos todos os elementos para nos desenvolvermos como as outras sociedades dominantes, mas ainda somos muito dominados, temos ainda muito em comum com aquelas sociedades ainda em conflito. Esse é o terreno fértil para a revolução. Não queremos nos tornar mais uma sociedade exploradora, queremos nos desenvolver, mas não dessa forma. Queremos encabeçar a mudança do mundo para a sociedade ideal.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

A Causa Primordial

A Causa Primordial


   Vamos deixar um pouco a discussão político-social de lado para falarmos mais sobre a constituição original do ser, pois é somente através dessa compreensão que poderemos saber qual é a sociedade ideal. Entendendo o indivíduo, saberemos qual a sociedade que queremos. O quê somos? De onde viemos? Para onde vamos? Esse texto busca a resposta a estas perguntas.
   Independente da religião, ou mesmo quem não tenha religião, podemos facilmente observar que as coisas não existem sempre. Tudo tem um começo, meio e fim. Todas as coisas tem uma origem. Então se formos retrocedendo hipoteticamente no tempo poderemos chegar até a origem de tudo? Tanto a ciência laica como a religião dizem que sim. Para que tudo tenha uma origem, deve haver alguma causa primordial, antes de tudo, uma causa sem causa, a origem de tudo. A ciência laica desenvolve teorias a respeito disso. As religiões chamam essa origem de tudo de Deus. Vamos chamá-la de Causa Primordial.
   Essa Causa Primordial é a origem de toda matéria, de toda a vida. Como é a origem da vida, a Causa Primordial também é vida, e por ser a origem de tudo, está presente em tudo, por isso se diz que o Senhor é onipresente. Assim como nós temos consciência e inteligência, a origem de tudo também tem, e se é onipresente, logo, é também onisciente.
   Nossa existência e inteligência, conforme temos estudado nos textos anteriores, servem para que possamos transcender a esta condição material e transcender a uma forma de vida bem aventurada. Usamos muito a analogia do leite para constatar nossa condição de vida original. O leite pode transformar-se em vários subprodutos, como a manteiga, o creme, o iogurte, a coalhada, o queijo, o soro, etc. Porém, os subprodutos não podem se transformar no leite, mas o leite está contido nos subprodutos. Os subprodutos são e, ao mesmo tempo, não são leite. Assim como nós, e toda a matéria. Somos subprodutos da Causa Primordial. As qualidades da Causa Primordial estão contidas em nós, mas em uma proporção infinitesimal. Tudo ao nosso redor está contido na, e contém a Causa Primordial.
   A Causa Primordial é toda poderosa. Ela é a origem de todo poder. Por isso ela é toda refulgente. Cada partícula diminuta dessa refulgência é dotada de vida, de conhecimento e de poder, assim como a Causa Primordial. Mas essas partículas se confundem com a Causa Primordial, apesar de serem porções infinitesimais do Infinito. A centelha do fogo tem as mesmas qualidades que o grande fogo que a originou, mas em porções bem menores. A centelha do fogo é e, ao mesmo tempo, não é a fogueira. Assim, nós, que somos essa partícula do Conhecimento, Existência e Potência Eternos, o Supremo, nos confundimos com esse Supremo, e acreditamos que somos nós o Supremo. A origem do desejo, da luta pelo poder, vem da nossa condição de centelha da Causa Primordial, o Supremo. Todos nós acreditamos que somos o Supremo. Vivemos então em disputa para ocupar esse lugar. Mas é óbvio que nós não somos o Supremo. Nós não somos a fonte de todo poder, de todo conhecimento, de toda existência, não somos a Causa Primordial, somos subprodutos dela. Então, toda essa existência material serve para que possamos, através da interação com as outras "centelhas", percebermos nossa constituição original e abandonarmos a luta pelo poder, o desejo, e assim, nos rendermos ao Supremo e recobrar assim nossa existência original livre de sofrimento.

Ação e Reação


   O tempo e espaço são os eixos x e y da natureza material. Eles servem para criar o campo aonde as centelhas, os indivíduos, irão interagir entre si e lutar pelo poder enquanto acreditam que sejam o Supremo. Vale ressaltar que essa condição é inconsciente, lutamos pelo poder inconscientemente, devido à natureza da nossa constituição. Quando despertamos nossa consciência, nós passamos a enxergar esse desejo, essa inclinação natural a lutar pelo poder, e assim, através da inteligência, tentamos superar isso com a devoção ao Supremo. Mas para aqueles que ainda não despertaram, é preciso que haja a interação entre eles. A lei básica da natureza é ação e reação. Toda ação gera uma reação. A interação dos indivíduos no tempo e espaço está sujeita a esta lei. Você colhe o que planta, já diziam os antigos. Boas ações geram boas reações. Más ações geram más reações. Somos lançados nesse universo material para "brincarmos de Deus". Como nenhum de nós é Deus, é o Todo Poderoso, então estamos sujeitos às leis da natureza que regula essa interação e essa disputa pelo poder.
   Assim, nossa existência aqui só termina quando estivermos livres das reações de nossas ações. Essa é a roda da vida. Ele nunca para de girar. A única maneira de escapar dessa armadilha é abandonando essa luta pelo poder. Abandonando o caminho do desejo. Quando nos rendemos ao Senhor, nós abandonamos o resultado das nossas ações e cumprimos com o nosso dever dentro desse mundo sem nos apegar aos resultados, as reações, sejam eles bons ou ruins. Agindo dessa forma, nós nos livramos da roda da vida, e estando assim conscientes da nossa verdadeira constituição, nós estamos livres para retornar ao Lar, voltar ao Supremo.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Caminho do Desejo x Caminho da Devoção

Caminho do Desejo x Caminho da Devoção


   Até aqui nós já concluímos que a sociedade ideal é aquela na qual as pessoas são devotadas ao Senhor Supremo. Então, tudo depende de uma revolução na consciência das pessoas. Esse é o primeiro passo. Para mudar o mundo, devemos primeiro, mudar a nós mesmos. Não é uma mudança fácil, pois a luta pelo poder é algo intrínseco à matéria, conforme já vimos. A luta pelo poder é o resultado do desejo. O desejo é o que move a matéria, é o que move o mundo e, portanto, é o que define e molda tudo nesse mundo. Quando eu digo que a história das sociedades é a história da luta pelo poder, estou dizendo que a história das sociedades é a história do desejo. Na verdade, não só das sociedades, mas de todo o Universo, pois toda a matéria é movida pelo desejo. O desejo é o que molda o universo material.
   Nos planos elementares da matéria, nas plantas e nos animais, isso é algo natural. Essa é a natureza. Mas a espécie humana foi dotada de inteligência superior justamente para transcender a essa natureza material. Pois o desejo gera a ansiedade. A ansiedade de se alcançar os objetos do desejo. Mas nem sempre conseguimos alcançar esses objetos, pois estamos em constante competição uns com os outros. Então, da ansiedade vem a frustração. Estamos o tempo todo experimentando ansiedade e frustração. O resultado disso é estresse e depressão, considerados como o mal do século, pois vivemos numa sociedade que prega a competição e o consumo, ou seja, uma sociedade que alimenta o desejo das pessoas, que faz com que as pessoas briguem entre si por esses desejos. O resultado disso é estresse e depressão.
   Da frustração vem a inveja. A pessoa percebe que não consegue saciar seus desejos, o que é impossível, pois a partir do momento que você realiza um desejo, vem outro, e depois outros. A função dos nossos sentidos é sentir. A mente é o processador dos sentidos. Os sentidos sempre vão procurar seus objetos. A saciedade dos sentidos é momentânea, por mais que você experimente algo maravilhoso, você sempre vai querer mais, pois tão logo o sentido cessa o contato com seu objeto sensorial, logo ele precisa de um novo objeto para sentir. Então, a mente nunca fica satisfeita. Até mesmo quando estamos inconscientes nossa mente está desejando. É impossível saciar a mente. Algumas correntes filosóficas ensinam que a pessoa deve tentar esvaziar a mente. Mas esse é um esforço praticamente impossível. Como anular a mente? Como querer que o fogo não queime, ou que a água não seja molhada? A função da mente é pensar, desejar e sentir. Ela faz isso o tempo todo. Lutar contra isso é muito difícil. Por isso devemos manter nossa mente focada no Senhor Supremo. Devemos fixar nossos sentidos em objetos sensoriais que nos remetam ao Senhor Supremo. Devemos ocupar nossa mente com o Senhor Supremo, e assim, experimentar o gosto superior, mantê-la ocupada com algo superior. O Senhor está disponível para todos, e assim, não há como a mente não estar em constante contato com seus objetos sensoriais. Mas do contrário, da frustração vem a inveja.
   Como nossa mente nunca está satisfeita, e como não conseguimos alcançar os objetos desejados, passamos a invejar os outros. A grama do vizinho é sempre mais verde. Todas as pessoas são iguais, todas as pessoas desejam e todas as pessoas são frustradas, mas invejamos os outros. O invejoso não percebe isso. Ele só consegue enxergar seus objetos de desejo no outro, e ele o inveja por isso. Da inveja vem o ódio. O invejoso passa a odiar o outro, pois ele atribui a sua frustração ao suposto sucesso do outro. Aí está a origem da falsa percepção de Karl Marx na sua concepção de luta de classes. Admitir isso é admitir uma sociedade invejosa e cheia de ódio. Essa sociedade existe de fato, mas isso acontece em razão de uma visão deturpada, tudo em função do desejo. O fruto proibido que a Bíblia fala. O ser vivo deseja tudo. Mas tudo pertence a Deus. O ser vivo deseja ser Deus. A origem do desejo é o fato do ser vivo negar a posição superior do Senhor e querer ele mesmo ocupar essa posição. Todos estamos brigando para sermos os senhores. Queremos tudo. Render-se ao Senhor é a única maneira de acabar com essa guerra eterna. Os devotos do Senhor não lutam entre si, eles se ajudam, uns aos outros, no caminho da devoção. Cooperação. No caminho da cooperação todos ganham, as forças se somam. No caminho da competição as forças se anulam, se destroem. Inveja e ódio contra amor e devoção. É fácil perceber qual o melhor caminho.
   O coração, endurecido pelo ódio, coberto pela contaminação de tantos desejos se torna obscuro. A pessoa assim contaminada não consegue mais distinguir o certo do errado. O resultado do caminho do cultivo dos desejos materiais é a loucura. É muito comum as pessoas desenvolverem algum tipo de demência com o tempo. Loucura. Esse é o resultado do caminho da escuridão, da ignorância, tudo fruto do desejo. Devemos seguir o caminho da bondade, o caminho da luz, da devoção, do amor divino.
   De tudo o que falamos até agora acho que podemos extrair o primeiro artigo da constituição da nossa sociedade ideal, nossa Carta Magna:

A Sociedade Ideal

Art. 1º - A sociedade ideal é aquela na qual cada indivíduo se tornou consciente de sua constituição material, constituição esta que o impele a lutar contra os outros pelo poder de saciar seus desejos. Consciente disto, cada indivíduo busca na sociedade a associação com outros indivíduos conscientes, para que assim, trabalhando sempre em cooperação, possam atingir a perfeição da vida, que é transcender a esta condição material, desenvolvendo em conjunto a devoção ao Senhor Supremo. Assim, com um ajudando o outro, cada um poderá experimentar, dentro de si, o amor puro incondicional, a Verdade Divina.


O Indivíduo Social

   Parágrafo único. Entende-se por indivíduo o conceito de indivíduo social, onde cada pessoa única é um indivíduo dentro de uma pequena sociedade e cada pequena sociedade é um indivíduo dentro de uma sociedade maior.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

A luta pelo poder - parte II - A natureza e o Supremo

A luta pelo poder na natureza


   O homem deseja o poder. Numa sociedade capitalista poder significa dinheiro. Todos nós queremos ficar ricos, para assim podermos comprar tudo aquilo que precisamos, inclusive, comprar a servidão dos outros. A luta pelo poder é, na verdade, uma luta do ser humano em realizar o seu desejo de ser servido, de ser o senhor, de estar no centro das atenções. É só observarmos uma criança para vermos que esse desejo está lá, desde que nascemos. Com o tempo aprendemos a lidar com isso, a raciocinar melhor e até a esconder o nosso íntimo. Mas quando crianças nós somos transparentes e qualquer um que seja pai ou mãe, sabe que toda criança quer ser servida pelos pais, quer a todo momento a atenção para si, se considera o centro do universo.
   Essa luta pelo poder acontece o tempo todo em todo lugar, em menor e maior grau. Até mesmo entre os animais e plantas. As águas lutam pelo espaço, os rios cortam a terra, os mares moldam as praias. As chuvas caem e modificam a paisagem, inclusive arrancando pessoas de suas casas. A água e os outros elementos naturais, como o vento e o fogo, lutam pelo espaço. O domínio do espaço é uma forma de poder. Costumamos nos referir a determinadas pessoas como espaçosas, folgadas. Perceba que essa atitude em determinadas pessoas é uma forma de exercer o poder. Poder de dominar o espaço, subjugar o espaço do outro. É uma forma que algumas pessoas encontram de satisfazer o anseio íntimo que todos temos pelo poder. Na maioria das vezes esse tipo de atitude é inconsciente, mas o desejo de poder está lá, latente.
   As plantas também lutam pelo espaço, pois é através do espaço aéreo que elas têm acesso à luz e ao gás carbônico; e é através do espaço no solo que as plantas têm acesso aos nutrientes e podem fixar suas raízes garantindo assim sua sustentação. O poder sobre o espaço é também o poder sobre os recursos dentro desse espaço. Qualquer semelhança com o imperialismo não é mera coincidência. Então, enquanto os elementos básicos da natureza lutam simplesmente pelo espaço, as plantas lutam pelo espaço para obterem o poder sobre os recursos naturais. Já é uma evolução da luta pelo poder.
   Os animais também lutam pelo território. Eles defendem seu território, seu alimento, assim como as plantas, mas, além disso, os animais defendem seu rebanho, ou seja, sua família. Os animais começam a compor então as formas mais básicas de sociedade. E junto com essa sociedade animal nasce também o direito a herança. A sociedade animal luta para se impor sobre as outras para garantir aos seus herdeiros o acesso àqueles recursos. Se analisarmos as sociedades animais, fica claro que não existe luta de classes, e sim luta pelo poder. A sociedade animal é dividida geralmente da seguinte forma. O macho dominante está no topo dessa sociedade, ele venceu os outros machos e por isso obteve o direito de liderar essa sociedade e o direito de progênie. Somente o macho dominante pode fecundar as fêmeas; direito a hereditariedade. Seus filhos lutarão entre si no futuro pelo mesmo direito. Aos outros machos cabe a função de proteger o rebanho. As fêmeas cuidam dos filhotes. Não existe luta entre as diferentes classes no rebanho. Existe a luta pelo poder, pela liderança do rebanho. E existe a luta entre as diferentes sociedades animais pelo poder sobre o espaço, pelo domínio do território. Por isso eu volto a repetir, a luta de classes é uma invenção usada para dominar as massas e desviá-las de seu verdadeiro inimigo.
   Perceba que a luta pelo poder vai ficando mais complexa à medida que evoluímos dos elementos básicos da natureza até chegarmos ao homem. Mas se o homem luta pelo poder simplesmente para ter acesso aos recursos, dominar as fêmeas e os outros machos, e garantir o direito a hereditariedade, então qual a diferença entre o homem e o animal?
   Mesmo na nossa sociedade atual, onde a diferença de gênero foi abolida, inclusive com a introdução de gêneros transmorfos, a luta pelo poder pode ser resumida como uma luta animal. As pessoas lutam pelo poder, pois essa necessidade é inerente à natureza. Mas quando me refiro à natureza, nós estamos falando de natureza material. Por isso a luta pelo poder começa com os elementos básicos da natureza. A diferença entre o homem e animal é justamente a capacidade de transcender essa condição material. A única maneira de transcender essa condição material é entendendo que a meta última da vida não é a luta pelo poder, uma luta meramente material. A matéria é temporária. Que adianta lutar tanto pelo poder e no fim, tudo aquilo pelo que lutamos vira comida de vermes. Das cinzas as cinzas, do pó ao pó. Se lutamos por comida de vermes, não somos melhores que vermes então. Se vivemos como animais, lutando pelo poder tal como fazem os animais, então não deixamos nossa condição animal. Somos animais em forma humana. Não precisamos de um corpo humano para viver como animais. Toda nossa grande ciência e tecnologia, no fim, servem simplesmente para vivermos como animais sofisticados.
   Mas então qual é a meta última da vida humana? Transcender à condição animal, transcender à vida material. A luta pelo poder é intrínseca à vida material. Transcender à vida material é transcender à luta pelo poder.
   Ao admitirmos que a luta pelo poder esteja relacionada com nossa porção animal, nossa porção material, precisamos encontrar o oposto disso, o oposto da vida animal, o oposto da vida material. Ora, o oposto do poder é a submissão. Mas submissão a quê?
   É claro que essa submissão jamais poderia ser a outro ser humano, pois a capacidade de transcender a luta pelo poder e aceitar submissão é aquilo que faz o ser humano superior. Um ser humano que não tem essa capacidade não é melhor que um animal e não pode ser considerado um ser humano em sua plenitude. Então fica claro que a submissão deve ser a algo superior ao ser humano. Algo que está além da natureza material. Que é transcendental à matéria. Somente admitindo a existência do Ser Supremo é que o conceito de submissão fica claro. Devemos nos render ao Senhor Supremo.


O Supremo


   A capacidade de entender que existe um Senhor Supremo é o que difere o ser humano das outras categorias de seres vivos. O animal luta pelo domínio do território, luta para ser servido pelos outros, luta pelo prazer sexual, luta pela comida, luta para defender sua família e luta pelo direito a hereditariedade. Se o ser humano vive unicamente para isso, então ele é um animal sofisticado, conforme já expliquei. A inteligência humana serve justamente para que, raciocinando logicamente, o ser humano encontre a Verdade Absoluta, o Senhor Supremo.
   As crianças naturalmente acreditam em Deus. Todos os povos, em todas as épocas sempre acreditaram numa Força Superior, de uma forma ou de outra. O ateísmo sempre foi defendido por determinados grupo que não aceitam a submissão a algo superior, ou ainda, por grupos que queriam tirar o poder de instituições religiosas, como a Igreja Católica. Mas a devoção em Deus nada tem a ver com instituições religiosas. Se a religião é usada para dominar as massas então a religião é uma forma de poder e quem domina a instituição religiosa domina o povo, desse modo, a instituição religiosa é na verdade uma instituição política, com o objetivo de dominar a sociedade. O Senhor Krishna diz no Bhagavad-Gita (Cap. 18 verso 66):
"Abandone todas as variedades de religião e simplesmente renda-se a Mim. Eu o libertarei de todas as reações pecaminosas. Não tema."
   Só para esclarecer, O Senhor Krishna é aceito por autoridades como sendo o Senhor Supremo. Deus tem infinitas formas e infinitos nomes. Tudo emana dele, então é claro que tudo está contido nele. Os diferentes nomes e diferentes formas do Senhor existem de acordo com as diferentes pessoas que se relacionam com Ele. Por exemplo, o presidente da república. Algumas pessoas se aproximam dele com todo respeito e tratam-no como V.Sª Excelência, V.Sª Senhoria, etc. Para sua esposa ele é seu marido e ela o chama de amor, de bem. Seus filhos o chamam de pai e pulam em cima dele, brincam com ele. Para alguns amigos de infância ele pode ter algum apelido, como gordo, ou alemão, etc. Em cada situação o presidente é tratado de uma maneira diferente. Ele também se veste de maneira diferente. Portanto, em lugares diferentes, a mesma pessoa aparece de formas diferentes e é tratada de maneiras diferentes, apesar de ser uma só. Assim é Deus. Assim como o presidente tem seus ministros e assessores, Deus também tem os deuses (em minúsculo), também chamados de semideuses, para cuidar da criação, mas Deus é um só. Diferentes religiões o chamam por diferentes nomes e o tratam de diferentes maneiras, mas Ele é um só, apesar de poder se expandir em infinitas porções.
   As religiões ajudam as pessoas a aproximar-se do Senhor, mas quando as pessoas avançam espiritualmente, a religião costuma atrapalhar, pois o amor verdadeiro é o amor incondicional. Como amar incondicionalmente se eu preciso me submeter a um monte de regras? Regras são condicionantes. As regras religiosas, independente da religião, servem para manter o devoto neófito afastado dos perigos da vida material, dos vícios, e assim ele consegue experimentar um prazer superior, a felicidade transcendental. A felicidade transcendental vem do amor verdadeiro, amor puro. O amante é totalmente submisso ao amado. A verdadeira felicidade é a que obtemos quando conseguimos desenvolver uma relação amorosa com o Senhor. Amai a Deus. A felicidade obtida com a luta pelo poder é temporária e temerária, pois a todo instante nossa felicidade está sendo ameaçada. Precisamos defender a todo custo nossas posses. Precisamos trabalhar arduamente por comida, por sexo, para proteger nossos filhos e nossa herança. Nossa felicidade material está sempre correndo perigo, é uma falsa felicidade, pois gera ansiedade, gera medo. O devoto do Senhor nada teme, pois sabe que tudo emana do Senhor. Essa é a felicidade verdadeira. O devoto do Senhor é o melhor amigo de todos, pois sabe que tudo e todos emanam do Senhor, e se ele ama o Senhor, ele também ama tudo que emana dEle. Amai a Deus e ao seu semelhante. Fica claro então que a meta última da vida é servir ao Senhor e a melhor sociedade é aquele na qual as pessoas são devotas do Senhor, pois assim elas são verdadeiramente felizes e são verdadeiramente boas para com as outras. A primeira revolução que devemos fazer é a revolução interna de cada um. A revolução da consciência.
   No próximo texto vou aprofundar mais a discussão em torno dessa sociedade.

domingo, 8 de setembro de 2013

A Luta pelo Poder - parte I - conceito


A Luta pelo Poder


   Marx afirmava que a história de todas as sociedades era a história das lutas de classes (Manifesto do Partido Comunista - Marx e Engels, edição de 1872). Estava errado e vou explicar.
   Por séculos a filosofia e o pensamento científico têm servido diferentes interesses. Não que as ideias do pensador não fossem algo realizado por ele mesmo, e não algo inventado com um propósito de dominação, embora acredito eu que até tenha sido esse o caso algumas vezes; mas ao surgir alguém, um pensador, defendendo determinado ponto de vista que interesse a um determinado grupo, então, esse grupo passa a financiar esse pensador e a divulgar suas ideias. A maioria dos pensadores teve uma visão míope da sociedade, e o tempo mostrou isso, com correntes contrárias de pensadores surgindo geração após geração. A cada nova geração, as ideias defendidas pela geração anterior eram dissecadas e criticadas e, expostas à luz do conhecimento e dos fatos, eram provadas insuficientes, incabíveis ou ainda irreais. O próprio Marx é constantemente corrigido pelos seus discípulos, entre os quais destacam-se aqueles pertencentes à Escola de Frankfurt, mas o curioso é que eles em nenhum momento descartam Marx, porque suas teorias ainda servem aos interesses de grupos com grande poder econômico e com grande sede de poder.
   Basta analisar a história para ver que a história da sociedade tem sido a história da luta pelo poder. Conforme eu já expus nos textos anteriores, as lutas, as revoluções, as guerras, elas sempre foram mobilizadas em favor de determinado grupo que queria o poder. As massas são manipuladas a apoiar esse grupo, mas o povo nunca está no poder, isso é antagônico, o povo sempre será povo, e quando faz parte do poder deixa de ser povo para ser o poder. Todas as revoluções sociais e guerras civis nada mais foram do que a luta de determinados grupos pelo poder de uma nação. E todas as guerras nada mais foram do que a luta entre duas ou mais nações pelo poder. Isso sempre existiu, desde a Roma Antiga, até hoje. Só que hoje a guerra é muito mais ideológica e cultural do que bélica, conforme já apresentei em outros textos.
   Marx, então, usa o pretexto de luta de classes, para mobilizar a grande massa, o proletariado, em prol de uma luta que em nada irá favorecer esse proletariado; conforme o tempo nos mostrou com as revoluções comunistas na Rússia, China, Cuba, etc. Na verdade, a situação do povo nesses países em alguns aspectos até piorou, ou no máximo, ficou como estava, na pobreza. Qual o interesse de Marx em provocar o proletariado. Talvez estivesse ele interessado no poder, talvez não, mas com certeza ele queria provocar a revolução comunista, o que era contrário ao que ele próprio preconizava, pois ele mesmo previu que a revolução do proletariado aconteceria naturalmente com a evolução da sociedade burguesa. Toda a literatura de Marx, e de muitos filósofos especuladores é assim, contraditória. Esse tipo de filosofia se tornou célebre na Grécia Antiga como Escola Sofista. A Escola Sofista dizia que a filosofia não devia buscar uma Verdade Absoluta, mas sim, que a filosofia tinha o poder de persuasão, ou seja, defender qualquer opinião, sendo ela verdadeira ou não. O bom filósofo deveria dominar a arte da retórica, da argumentação, para persuadir e enganar. É a arte da enganação, e é sobre essa filosofia que nossa ciência moderna se construiu. Daí os antagonismos dentro dos argumentos defendidos pelo mesmo pensador. Outro dia vi uma frase numa rede social que exprime bem isso: "O objetivo da guerra é a paz." Ora, nada mais falso do que isso. É claro que esse é o tipo de frase usada para mobilizar um povo à luta, sobre o pretexto de se obter a paz. Mas é lógico que a paz é o oposto da guerra, e uma termina quando começa a outra. É como dizer que o objetivo do ódio é o amor, e o da escuridão é a luz. Conforme já foi dito, o objetivo de todas as guerras é o poder. Na revolução francesa a burguesia queria o poder que estava nas mãos da aristocracia. Nas guerras imperialistas uma nação guerreava com a outra para obter o poder sobre as terras e os povos. Nas guerras de independência um grupo local luta pelo poder contra o colonizador, mas o povo se livra de um dominador estrangeiro e ganha outro dominador local. Os animais lutam pelo poder sobre o território, comida e linhagem (procriação, lutando pelas fêmeas do rebanho). Então, nossas sociedades sempre foram moldadas pelas lutas pelo poder.
   O povo sempre é mobilizado em favor daqueles que querem o poder, mas o povo sempre está na condição de povo, pois conforme eu já expliquei, ao assumir o poder, deixa de ser povo. Mesmo que vencendo a guerra determinado povo experimente certa melhoria na sua qualidade de vida, essa melhoria só foi possível devido à derrota de outro povo, ou seja, a situação de um povo melhorou porque a de outro piorou, então, na verdade, o que temos é que uma sociedade está explorando a outra. Repare que não há a luta de classes, e sim, a exploração por parte de um indivíduo sobre o outro. Uma nação pode ser comparada a um indivíduo no âmbito global, conforme já expus o conceito de indivíduo social. Por isso que defendo que a verdadeira revolução social é aquela que passa pelo mundo todo, mas na verdade, essa revolução só é verdadeira quando cada um de nós mudarmos nossa maneira animal de pensar. Enquanto estivermos lutando pelo poder, a sociedade sempre será desigual, sempre haverá exploradores e explorados. Parece que estou defendendo o conceito de anarquia, mas não, o que estou defendendo é o fim do anseio pelo poder, ou ao menos, desenhar uma sociedade em que fique impossível que um grupo domine outro. Esse é o verdadeiro conceito de igualdade. Por mais que existam as diferenças, não poderá jamais existir a exploração, a dominação, em outras palavras, a escravidão sobre qualquer forma.
   No próximo texto vamos procurar as causas dessa luta pelo poder para podermos entender melhor esse fenômeno e assim tentarmos construir uma sociedade onde essa luta não exista, uma sociedade verdadeiramente livre e igual.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Qual é a sociedade que queremos?

Qual é a sociedade que queremos?


 Precisamos encontrar a resposta para esta pergunta, pois só assim nossas reivindicações, manifestações e, porque não, revoluções, poderão trazer verdadeiro benefício para nós. Mas o que é a sociedade senão um grupo de pessoas. A sociedade ideal é aquela que é ideal para as pessoas que vivem nela. Para saber qual a sociedade que queremos, precisamos entender o que nós queremos. Antes de imaginar como será essa sociedade, precisamos descobrir o que a menor célula da sociedade, o indivíduo, precisa. Qual é o papel desse indivíduo na sociedade? Quais seus deveres para com ela? O quê ele recebe em troca, seus direitos, nessa sociedade?
 A sociedade só é verdadeiramente boa se for boa para todas as pessoas. Uma sociedade em conflito não pode ser uma sociedade boa. Por mais que haja diferenças, quando elas se transformam em conflitos então alguma coisa não vai bem nessa sociedade. Defender a luta de classes é semear o ódio, o conflito e o caos. Precisamos sempre nos perguntar: quem ganha com isso? Não que tenhamos que aceitar pacificamente nossa exploração e espoliação, mas devemos encontrar o equilíbrio entre as diferenças, porque as pessoas não são, e jamais serão iguais, isso é justiça verdadeira, igualdade.
  Passemos então a analisar o indivíduo dentro da sociedade.

O indivíduo social


 O indivíduo é fruto da sociedade que o gerou, desde pequeno ele vai aprendendo os costumes, a língua, a cultura daquela sociedade na qual ele nasceu. Porém, vivemos hoje num mundo globalizado, onde a educação é globalizada, a mídia é globalizada, ou seja, a cultura é globalizada. Claro que os traços locais sempre vão existir, mas de um modo geral vivemos num mundo globalizado. Globalizado pelas potências mundiais, ou seja, por mais que se negue isso, ainda vivemos dentro da lógica colonialista, imperialista. Devemos admitir o intercâmbio de culturas, a globalização igual, agora, o que estamos vivendo, é uma invasão cultural, imperialismo cultural, e não se enganem achando que é só os EUA que nos dominam. Hoje vemos uma corrente socialista se espalhar pela América Latina, fruto de intensa propaganda comunista no século XX. Somos dominados tanto por um, quanto por outro. Tanto que não conseguimos imaginar uma outra lógica, um mundo que não seja nem capitalista e nem comunista/socialista, mas perceba que nenhuma dessas correntes está sinceramente preocupada com o indivíduo. Uma defende a luta de classes disfarçadamente através da competição, do falso mérito, onde todos podem enriquecer. Claro que isto é falso, pois o rico tem uma vantagem enorme nessa competição. A outra defende abertamente a luta de classes, na verdade quer forçosamente abolir as classes e instituir a igualdade, mas não é o princípio da igualdade real, é uma igualdade forçada, e como forçar isso senão através de uma ditadura, então, admitindo-se que haja um governo para forçar essa igualdade, essa igualdade jamais existirá, pois haverá a classe dominante (o governo) e a classe dominada (o povo), por isso, o discurso comunista é tão falso quanto o discurso capitalista.
 Precisamos então romper um pouco nossa barreira cultural, além do mais, uma sociedade sem conflitos só será verdadeira se for uma sociedade mundial. Não que deva haver um governo no mundo todo, até porque esse é o plano tanto dos capitalistas quanto dos comunistas, mas enquanto houver dominadores e dominados, desenvolvidos e explorados, então não haverá igualdade verdadeira. A exploração acontece dentro de cada sociedade e entre as sociedades, dentro da sociedade global, onde cada sociedade menor, cada país, exerce o papel de indivíduo, o indivíduo social. Para entender melhor esse raciocínio suponhamos que o Brasil alcance essa "sociedade ideal", ela jamais seria ideal se continuássemos negociando com outros países que ainda não atingiram esse patamar, pois estaríamos movimentando a roda da desigualdade. Alimentando aquelas economias estaríamos fazendo girar a roda da desigualdade e da exploração desses outros países, então ao invés de termos nos tornado uma sociedade ideal, simplesmente passamos de explorados para exploradores, dentro da grande sociedade global. Então, ao pensarmos no indivíduo, devemos pensar no indivíduo independente de sua cultura, pois na essência somos todos iguais, o que nos diferencia é justamente a cultura, e a personalidade, sendo que a cultura pode ser considerada uma personalidade coletiva.
 Só para reforçar o conceito, indivíduo social pode se referir à pessoa física propriamente dita ou a uma pequena sociedade dentro de uma sociedade maior. Por exemplo, uma cidade é um indivíduo social quando temos como base a nação.
 No próximo texto vamos começar a tentar definir o papel desse indivíduo dentro da sociedade, quais suas necessidades e seus deveres.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Esqueda x Direita - Parte III - Situação Atual

Esquerda X Direita


Situação Atual


 Analisando os dois últimos textos, percebemos então que a direita e a esquerda eram definidas antes pela situação, ou seja, pelo centro, e que depois da 2º Guerra Mundial se tornaram duas correntes ideológicas antagônicas.
 Ouvimos muito a esquerda dizer que a direita representa o poder econômico opressor, o imperialismo, e a direita dizer que a esquerda quer destruir a família, a religião e instalar uma ditadura. Ambos carregam um fundo de verdade. Até o nazismo e o fascismo são atribuídos ora a um, ora ao outro, mas não vou entrar nesse mérito. Para entendermos melhor essas questões precisamos analisar a sociedade e a política.
   A sociedade é dividida em estratos sociais que formam uma pirâmide. A base desta pirâmide é o povo, o trabalhador, urbano ou rural, que produz com seus esforço os bens e serviços necessários para a manutenção dessa sociedade e, por analogia, é o trabalhador que sustenta todas as outras classes, assim como a base sustenta o resto da pirâmide. Essa base é representada em sua maioria pela classe D, mas também em parte pela classe C, pois algumas famílias de trabalhadores conseguem ascender a esta classe atualmente, e algumas ainda permanecem na classe E, sendo que esta última classe ainda abriga muita gente marginalizada, que produz de muito pouco a nada, vivendo à margem da sociedade. No meio da pirâmide estão as classes C e B, composta de pequenos e médios empresários, autônomos, prestadores de serviços e profissionais liberais como médicos e advogados, funcionários públicos de média e alta patente, enfim, o que outrora, na época da Revolução Francesa representava a burguesia. No topo da pirâmide estão os ricos, a classe A, que dispensa comentários. Naquela época era representada pela nobreza e pelo alto clero. Mas o que era a nobreza, a aristocracia?
   No início, um líder nato reunia em torno de si um grupo de pessoas e, pela força, instituía um burgo, um feudo, uma propriedade. Sua família estava no topo daquela sociedade e aquelas pessoas mais próximas, que o ajudaram a compor esse feudo, formavam seu corpo de cavaleiros e defensores, e juntos, formavam a nobreza. As massas recebiam lotes de terras onde tinham a liberdade de produzir o que precisavam para sua subsistência, pagando impostos ao nobre em troca da proteção de suas terras. A nobreza era hereditária, passando de pai para filho, logo, aquele líder nato que outrora fora competente para estabelecer o feudo, agora era substituído por seus herdeiros, muitas vezes mimados inaptos para conduzir o feudo. Então, a nobreza nada mais é do que a manutenção da riqueza pela herança (pois naquela época riqueza era possuir terras, daí surgiu o imperialismo). Portanto, os ricos de hoje são perfeitamente comparados à classe aristocrática de ontem, o mérito de um, o predecessor, se transforma em direito do outro, o herdeiro, mesmo que este não tenha as mesmas qualidades, ou seja, seu único mérito é o fato de ser herdeiro.
   Toda esta explicação tem como objetivo estabelecer uma relação entre direita e esquerda e a sociedade. Quando nos referimos à direita e esquerda, transmitimos uma ideia de horizontalidade, de oposição, mas quando analisamos a sociedade, em forma de pirâmide, percebemos claramente que a direita está ligada ao cume, sendo o seu extremo representado pela Igreja, pois, pelo menos na época da Revolução Francesa, a Igreja era um poder instituído, e como representa o Poder Divino estaria ela situada acima da pirâmide. Logo abaixo da Igreja está a classe aristocrática,  que na época era a situação, o poder, o centro. Abaixo da classe aristocrática está a burguesia e por fim o povo, a extrema esquerda seria então a população marginalizada, como os moradores de rua. Visto dessa forma, a linha horizontal esquerda-direita, é na verdade uma linha vertical base-cume da pirâmide certo? Pelo menos é dessa forma que muita gente pensa e quer fazer a massa em geral pensar, pois mobilizando-se as massas em favor próprio, obtém-se grande vantagem no jogo pelo poder. Mas será que os ditos grupos políticos realmente representam os estratos sociais nos quais estão inseridos?
   Basta analisarmos todas as revoluções que aconteceram para perceber que não. A própria Revolução Francesa, que foi uma revolução da burguesia sob os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade; transformou-se em enorme rixa entre a própria burguesia, numa luta constante pelo poder entre facções inseridas dentro da mesma camada social. A Revolução Russa, arquitetada também pela burguesia sob os ideais comunistas, transformou-se numa enorme ditadura do partido comunista sobre o povo, que continuou em situação de extrema pobreza. Calcula-se que vinte e três milhões morreram pela ditadura stalinista. Será que o povo, na China ou em Cuba, realmente está no poder? Existe realmente igualdade nesses lugares? 
   É óbvio que em  todas as classes sociais a maioria das pessoas não está preocupada com intrigas pelo poder, elas querem simplesmente tocar as suas vidas. Os grupos políticos estão interessados unicamente no poder, e apesar de estarem inseridos dentro de uma determinada classe social, de fato, não a representam, e tampouco trarão benefícios diretos a esta classe tão logo assumam o poder. Na verdade, para os poderosos mesmos, pouco importa quem está no poder, vou explicar.
   Durante a Revolução Francesa, em todas as reviravoltas, um grupo de deputados sempre permanecia no centro, neutros, sem tomar partido para direita ou esquerda, eles sempre apoiavam as causas vencedoras. Esse grupo sempre apoiava também os golpistas quando vinham tomar o poder, em todas as vezes que isso aconteceu. Esse grupo é o verdadeiro grupo dominante, o grupo que está por trás da disputa política e sempre está em cena. Qualquer semelhança com alguns partidos políticos atuais no Brasil não é mera coincidência. Porque você acha que políticos como Sarney, Collor, ACM, Jader Barbalho, Maluf, etc, sempre estão no poder? É comum os jornais chamaram esses partidos aos quais pertencem esses políticos de partidos de aluguel, mas vejam, eles sempre estiveram no poder. Quem está brigando pelo poder? Ultimamente PT e PSDB. Reparem que para chegar a presidência, e para mantê-la, esses partidos tiveram que buscar o apoio desses poderosos, sem os quais não conseguiriam uma campanha sólida e, depois de eleitos, não conseguiriam tocar os seus governos. Daí o aparelhamento da máquina pública, daí os mensalões nas diferentes esferas. Reparem que não é o PMDB ou o DEM que são partidos de alugueis, uma vez que desde sempre esses coronéis já ditavam as regras nas suas respectivas oligarquias, os governos é que são de alugueis. Os governos que se vendem aos interesses desses poderosos para se manterem. Enquanto a direita e a esquerda estiverem brigando, o centro, os poderosos, sempre saem ganhando, e o povo sempre sai perdendo. Não existem projetos de governo, existem projetos de poder. O PT ou o PSDB não estão preocupados com o bem estar social, com o socialismo ou com o liberalismo, estão preocupados em estar no poder, e quanto mais acirrada for a disputa, melhor para os coronéis do centro, pois mais vantajosas serão as alianças.
 Durante a Guerra Fria, o mundo inteiro foi submetido a propaganda daqueles dois países, reflexo disso nós vemos até hoje nas discussões políticas, mas quem estava ganhando com tudo isso? Os poderosos daqueles dois países. O objetivo de ambos era o de ampliar a área de influência e, consequentemente, ampliar o poder. É claro que o povo desses países subvertidos, não tem nada a ganhar em alinhar-se a qualquer uma das ideologias, como se fossem as únicas verdades absolutas do universo. Tanto não são verdades que a URSS ruiu, Cuba pede o fim do embargo dos EUA. Mas como um país comunista precisa de um país capitalista? E o próprio capitalismo está em crise, vide a situação da Europa. Nós o 3º mundo, continuamos sendo dominados. Nenhuma dessas ideologias nos interessa. Ambas foram construídas para subverter o povo em revoluções que serviram para instituir determinados grupos no poder.
 O capitalismo que prega a liberdade é cruel, criando uma animosidade e competição entre os iguais, sob a falsa promessa de uma riqueza que nunca vem. O comunismo que prega uma revolução do proletariado, o fim da propriedade privada, uma utopia que na prática torna-se ditadura, pois enquanto existir um governo que dita as regras, existirá uma classe dominante. A anarquia é a lei da selva, ou seja, uma volta a época dos bárbaros.
 Lembram daquela linha imaginária esquerda base - direita cume?  Esqueça. Na verdade, tanto a direita quanto a esquerda querem o cume da pirâmide. O poder pelo poder. Não há como o povo todo assumir o poder, ou seja, a pirâmide se sustentar no cume, isso é impossível e só um louco não consegue enxergar isso. No fundo, o que os comunistas querem, é o fim da pirâmide, sobrando só a base, ou seja, a instituição da pobreza geral. Será mesmo que é essa a igualdade que queremos? Todos igualmente pobres? Ou é aquele comunismo de Cuba, ou da China, onde existe uma ditadura, onde o povo é oprimido em favor do governo, do partido?
   Por isso meus amigos, não deixem que militantes disfarçados tentem manipular as manifestações. Manifestações apartidárias são melhores do que militância partidária. Precisamos de reformas profundas nas instituições políticas do Brasil e não de grito de guerra de partidos. Não deixem determinados grupos políticos se apropriarem das manifestações, essa apropriação só interessa a esses grupos políticos, não ao povo. Como Rousseau já previa, a partir do momento que o povo nomeia representantes, a voz do povo deixa de ser ouvida, pois quem fala é o representante, e este fala primeiro em benefício próprio, depois em benefício geral.
   Por isso que resolvi criar esse blog, para discutirmos juntos propostas que possam verdadeiramente melhorar nossa sociedade. Não é uma ditadura, seja ela de esquerda ou de direita, que vai resolver nossos problemas. Vejam o caso do Egito. Existem grupos, de esquerda e de direita, querendo instalar uma crise social para justificar uma ditadura. Não permitam isso. Não se deixem manipular por ONGs ou grupos que se dizem apartidários mas que trazem um forte discurso político ensaiado. Todas as revoluções se voltaram contra o povo pois o povo sempre foi manipulado por grupos que almejavam o poder. É preciso ter um plano definido, saber onde queremos chegar primeiro, para depois buscarmos uma revolução. Se nós não sabemos o que queremos, eles sabem, e vão usar o povo para conseguir isso. Então, vamos discutir primeiro aonde queremos chegar, é a revolução da consciência, para depois partirmos para a revolução social. No próximo texto vamos começar a discutir isso.

domingo, 18 de agosto de 2013

Esquerda x Direita - Parte II - Imperialismo

Esquerda x Direita

 

Imperialismo

 

   Conforme vimos no texto anterior, a divisão política entre direita e esquerda surgiu durante a Revolução Francesa e ela tem como base o ponto de vista da situação, ou seja, de quem está no centro, no poder. Isso mudou um pouco depois da Segunda Guerra Mundial, onde o mundo ficou dividido em dois grandes blocos, os socialistas de um lado (representado pela esquerda), e os capitalistas do outro (representado pela direita). Os países foram então classificados em Primeiro Mundo (capitalistas), Segundo Mundo (socialistas) e Terceiro Mundo (países em desenvolvimento, ou subdesenvolvidos). Vamos entender melhor esse movimento histórico do final da revolução francesa até a 2ª Guerra.

Imperialismo


 Durante a Revolução Francesa, um jovem oficial, Napoleão Bonaparte, foi se destacando no comando de tropas. Ele combateu os forças absolutistas derrotando-as e anexando territórios à França. Foi durante o governo jacobino que Napoleão conquistou o posto de general. A cada conquista Napoleão ia se consagrando como herói, ao ponto de, em 1799, aliado aos girondinos, dar um golpe de estado, temendo pela instabilidade política na França.
 Por aí já podemos ter uma boa visão do que é a política. Napoleão ascendeu durante o governo Jacobino, e aliando-se a eles tornou-se o poderoso general que, depois, aliado aos Girondinos, adversários dos Jacobinos, tomou à força o poder da França.
 As guerras externas continuaram e Napoleão foi expandindo o território francês a medida que derrotava as outras potências Absolutistas. Napoleão criou importantes instituições na França, fortalecendo a economia, melhorando a educação, a administração. Nesse período também cresceu bastante o patriotismo e nacionalismo. A imprensa, a educação pública (em substituição a educação dada pela Igreja) e a Academia Militar são as instituições responsáveis por imprimir o patriotismo e o nacionalismo em seu povo. Exaltando as qualidades da Nação e ridicularizando as Nações adversárias você tem um povo submisso ao Estado, às Leis, às instituições públicas, e um exército fiel e proativo. É claro que devemos sim proteger nossas raízes, manter nossa cultura e defender os nossos, porém, por melhor que nossa cultura possa parecer, por mais desenvolvida que nossa sociedade possa parecer, isso não nos dá o direito de invadir outros territórios, destruir outras culturas e subjugar povos.
 Então, a antiga sociedade feudal e o colonialismo estavam dando lugar ao imperialismo, ou seja, as nações queriam, cada uma delas, governar o mundo, se apoderando das riquezas mundiais. Ainda imperava a ideia de que a riqueza e, consequentemente, o poder, emanavam da terra, daí a necessidade de se obter a maior extensão de terra possível.
 Como consequência da Revolução Industrial, cada nação precisava a todo custo controlar o acesso as matérias primas, pois assim, controlariam também a produção, os produtos e, consequentemente, a economia mundial. Iniciou-se então uma enorme corrida belicista, chegando no ápice na 2ª Guerra Mundial.
 No final da Grande Guerra, foi criada a ONU, pois os vitoriosos perceberam que a lógica belicista tinha que mudar, pois senão a humanidade iria se destruir em guerras. A ONU foi criada justamente para impedir a dominação das nações pelo poderio militar, mas como veremos, o imperialismo apenas mudaria de forma.
 Duas grandes potências se consagraram no final da guerra como as vitoriosas, eram elas o EUA e a URSS. Então, através da ONU, dividiram o antigo mundo colonizado em "áreas de influência". Não havia mais colônias como antigamente, mas o mundo continuava dividido entre as grandes potências. Povos inteiros foram divididos entre EUA e URSS e com a ONU para impedir a invasão militar, começou o período conhecido como Guerra Fria, onde EUA e URSS disputavam a hegemonia mundial através da propaganda ideológica.

Guerra Fria


 Perceba então que o antigo imperialismo belicoso agora dá lugar a um imperialismo ideológico. O mundo foi divido entre capitalistas e socialistas, direita e esquerda. Na verdade o mundo foi dividido entre os EUA e a URSS, ambos imperialistas, ambos tentando governar o mundo subvertendo-o à sua própria lógica.
 A subversão agora não se dá mais através da força, ainda que em muitos países aconteçam guerras entre as forças de esquerda e de direita, porém, essas forças são cooptadas dentro de cada país através da propaganda, da ideologia. Por exemplo, a guerra do Vietnã. O Vietnã, como o resto do mundo, foi dividido entre as duas potências, cada parte recebendo forte propaganda, e cada parte querendo reunificar a outra sob sua própria ideologia. Daí a guerra.
 Ou seja, divide-se um povo primeiro, depois esse povo é submetido a diferentes ideologias de subversão e então, cada parte desejando reencontrar a parte perdida quer submeter aquela parte à nova ideologia a que foi submetido. Então, os EUA armam sua área de influência e a URSS arma o outro lado e eles entram em conflito, daí justifica-se a intervenção militar externa, dos EUA ou da URSS, como os grandes salvadores do bem e da ordem. Percebam que é uma nova maneira de escravidão. Essa lógica existe até hoje, mesmo com o fim da URSS, é só vermos o caso do Iraque, Egito e agora a Síria. A pergunta que devemos fazer é: a quem interessa?
 Se antes a direita e esquerda representava diferentes setores da sociedade lutando pelo poder dessa sociedade, agora a direita e esquerda representa diferentes potência lutando pela hegemonia mundial. Por isso não podemos ficar por aí defendendo os ideais de direita ou esquerda, pois eles sempre existiram para que determinado grupo assumisse o poder, dentro de uma sociedade, seja uma cidade, uma nação, ou o mundo.
 Mesmo com o fracasso do modelo soviético e, teoricamente, com o fim da Guerra Fria, a guerra ideológica continua. No próximo texto vamos analisar melhor a situação das últimas décadas.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Esquerda x Direita - Parte I - Origem Histórica

Esquerda Direita


Origem Histórica


 Resolvi inaugurar esse blog abordando esse tema, pois muito tem se falado ultimamente sobre direita e esquerda mas percebo que ambos os lados distorcem bastante a realidade sobre si próprio e principalmente sobre o lado oposto, tentando assim manipular a população. O objetivo desse texto é procurar a melhor definição para cada lado no cenário político-social moderno, no Brasil e no mundo. A divisão esquerda x direita, surgiu durante a Revolução Francesa, época na qual surgiram muitos dos institutos políticos-sociais que permeiam nossa sociedade até os dias de hoje. Por isso, vamos voltar um pouco no tempo, até aqueles anos de luta, para melhor compreender a situação.

A Revolução Francesa


 A França era um reinado absolutista, onde o rei governava com poderes absolutos, apoiado pela Igreja. Esse tipo de governo era comum na Europa Ocidental do final do século XVI  até meados do século XIX. Uma frase célebre que resume o absolutismo foi dita pelo rei francês Luís XIV "o Estado sou eu".
 Na França, a administração do rei era subsidiada pela Assembleia dos Estados Gerais que era dividia em três Estados:
1º - Clero - composto pelo Alto Clero muito ligado à nobreza; e pelo Baixo Clero, mais próximo ao povo;
2º - Nobreza (aristocracia) - composta por membros da Corte Real, senhores feudais e altos funcionários do governo;
3º - composto pela burguesia, camponeses, artesãos e trabalhadores urbanos, ou seja, a grande maioria da população francesa, que sustentava os outros Estados através de pesados impostos e dízimos;
  A Assembleia não era reunida desde 1614, devido ao forte caráter absolutistas dos reinados naquela época. Porém, em 1787, o rei Luís XVI tentou impor um imposto à nobreza, sendo fortemente rechaçado. O 1º e 2º Estado então convocaram a Assembleia dos Estados Gerais para tentar reduzir o poder do rei. A reunião aconteceria em 1789.
 A burguesia estava também muito insatisfeita com a situação, pois além de ter que sustentar a nobreza e o clero, não tinha participação nas decisões políticas, uma vez que cada Estado tinha um voto, e o 1º e 2º Estado votavam juntos contra o 3º Estado. A burguesia então começou a se organizar e a mobilizar a população. Nesse período que começou a nascer a imprensa tal qual conhecemos, que nada mais era (e ainda é) que uma forma de mobilização das massas, através de folhetins diários que expunham críticas ao governo. Eles queriam que os votos fossem contados pelo número de deputados, pois o 3º Estado tinha mais deputados que o 1º e 2º juntos. Como o povo viviam na miséria, fome, extrema pobreza, passaram a apoiar as reivindicações da burguesia, pois acreditavam que assim sua situação também melhoraria. Reparem que desde essa época a imprensa era utilizada para formar a opinião do povo em favor de um pequeno grupo. O povo acreditava que aumentando o poder do 3º Estado, ele também teria maior participação nas decisões e assim conseguiria reduzir os impostos e melhorar as condições de trabalho. Será?
 Em 1789, durante a reunião da Assembleia no Palácio de Versalhes, ficou claro a incompatibilidade de ideias. O 1º e 2º Estado queriam limitar o poder do rei, já o 3º queria mais poder nas decisões. O rei, percebendo a situação, tentou fechar a Assembleia impedindo que os deputados entrassem no Palácio. O 3º Estado então se reuniu e formou uma Assembleia Constituinte. O rei tentou impedir, mas foi frustado pela população que apoiava o movimento. A nobreza começou a fugir do país e o 3º Estado (diga-se burguesia) instituiu um governo provisório chamado de Comuna, erguendo a bandeira vermelha, branca e azul que representa os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade e também a divisão dos poderes judiciário, executivo e legislativo.
 A Comuna aboliu o poder da Igreja e confiscou seus bens vendendo-os para a burguesia (eles mesmos).
 Em 1791 foi elaborada a nova constituição transformando a França numa Monarquia Constitucional, onde o rei exercia o poder executivo, e o legislativo era exercido pela Assembleia Legislativa. Nas reuniões da Assembleia Legislativa, a burguesia era a maioria. Os representantes da aristocracia, a nobreza, sentava-se à direita, e os democratas, compostos pela média e baixa burguesia, o baixo clero, enfim, os representantes mais próximos do povo, sentavam-se à esquerda. Daí começou a surgir as divisões de direita e esquerda. Podemos dizer também que as cores da bandeira da França representam essa divisão, pelo menos na época, vermelho o povo, branco a burguesia, e azul a nobreza.
 A esquerda ainda estava insatisfeita com o sistema implantado pela Alta Burguesia e formaram a Comuna Insurrecional de Paris, composta por médicos, advogados, jornalistas, filósofos. Estava mais próxima ao povo, detinha a imprensa e era mais numerosa, e assim, conseguiu mais uma vez tomar o poder em 1792, proclamando a República.
 Agora, a direita da Assembleia era ocupada pelos girondinos, composta por membros da alta burguesia, baixo clero e nobreza; e a esquerda era ocupada pelos jacobinos, composta pela baixa burguesia e membros do povo. No centro ficavam deputados neutros, que basicamente apoiavam a corrente que estava ganhando.
 No cenário externo, os outros reinados absolutistas tentavam invadir a França, com medo que os ideais de liberdade, igualdade, e fraternidade se espalhassem pela Europa. Os nobres franceses que fugiram e mesmo os que ainda viviam na França apoiavam esses exércitos, o povo ainda era oprimido com a fome, guerras e com o caos interno no país com as diversas revoltas que aconteciam. Mais uma vez, a esquerda, os jacobinos, tomou o poder em 1793 e executou o rei, acusando-o de traição por apoiar os exércitos absolutistas.
 Com os jacobinos no poder, sentava-se à direita a ala mais conservadora (antigo centro) e à esquerda a ala mais radical do partido. Iniciou-se então um período de massacres a fim de conter as revoltas internas. Durante o terror jacobino, aproximadamente 40.000 pessoas foram mortas. Tanto a ala esquerda, quanto a ala direita foram exterminadas. Isolados no poder eles conseguiram evitar a invasão dos exércitos absolutistas.
 Porém, em 1794, os deputados do centro (conhecidos como planície), aliados a alta burguesia, depuseram os jacobinos do poder, que sem ter mais quem os apoiassem, pois haviam exterminados todos, foram também executados. A esquerda agora eram os remanescentes dos jacobinos e a direita a aristocracia.
 Em 1799, Napoleão Bonaparte dá um golpe militar e assume o Estado, apoiado pela direita. Posteriormente, a monarquia absolutista volta e é nesse período que a França conhece sua grande ascensão econômica e militar, vindo a dominar grande parte da Europa.

Resumindo:


 Percebam então que direita e esquerda, até aqui, dependiam de quem estava ao centro, ou seja, a situação, e ambas sempre estão tentando assumir o poder (centro). À direita estão sempre aqueles mais alinhados com a situação e com o poder econômico, quanto mais à direita, mais rico; e a esquerda aqueles mais próximos do povo, alinhados com os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, muito inspirados nas ideias de J.J.Rousseau, os ditos socialistas (que buscam o bem estar social), comunistas (buscam o bem comum levando o princípio da igualdade ao extremo) e na extrema esquerda os anarquistas (que buscam uma sociedade utópica onde não exista governo).
 Mas e o povo? O povo é sempre utilizado como massa de manobra. Toda vez que um grupo de esquerda assume o poder, ele passa a ficar numa situação cômoda (central) e não mais defende os interesses do povo. Ano após ano os grupos de esquerda foram tomando o poder e sempre quem continuava à esquerda continuava insatisfeito. O povo NUNCA assume o poder, aliás, o povo não está interessado nesses assuntos, ele fica satisfeito em trabalhar e levar sua vida com o mínimo de conforto necessário, por isso achei muito importante fazer esse blog, para discutir propostas de benefício REAL para toda população, pois tanto a direita quanto a esquerda tentam manipular o povo em benefício próprio.
 Para não estender muito o texto vou deixar para o próximo artigo abordar a questão de esquerda x direita num cenário mais atual.