domingo, 8 de setembro de 2013

A Luta pelo Poder - parte I - conceito


A Luta pelo Poder


   Marx afirmava que a história de todas as sociedades era a história das lutas de classes (Manifesto do Partido Comunista - Marx e Engels, edição de 1872). Estava errado e vou explicar.
   Por séculos a filosofia e o pensamento científico têm servido diferentes interesses. Não que as ideias do pensador não fossem algo realizado por ele mesmo, e não algo inventado com um propósito de dominação, embora acredito eu que até tenha sido esse o caso algumas vezes; mas ao surgir alguém, um pensador, defendendo determinado ponto de vista que interesse a um determinado grupo, então, esse grupo passa a financiar esse pensador e a divulgar suas ideias. A maioria dos pensadores teve uma visão míope da sociedade, e o tempo mostrou isso, com correntes contrárias de pensadores surgindo geração após geração. A cada nova geração, as ideias defendidas pela geração anterior eram dissecadas e criticadas e, expostas à luz do conhecimento e dos fatos, eram provadas insuficientes, incabíveis ou ainda irreais. O próprio Marx é constantemente corrigido pelos seus discípulos, entre os quais destacam-se aqueles pertencentes à Escola de Frankfurt, mas o curioso é que eles em nenhum momento descartam Marx, porque suas teorias ainda servem aos interesses de grupos com grande poder econômico e com grande sede de poder.
   Basta analisar a história para ver que a história da sociedade tem sido a história da luta pelo poder. Conforme eu já expus nos textos anteriores, as lutas, as revoluções, as guerras, elas sempre foram mobilizadas em favor de determinado grupo que queria o poder. As massas são manipuladas a apoiar esse grupo, mas o povo nunca está no poder, isso é antagônico, o povo sempre será povo, e quando faz parte do poder deixa de ser povo para ser o poder. Todas as revoluções sociais e guerras civis nada mais foram do que a luta de determinados grupos pelo poder de uma nação. E todas as guerras nada mais foram do que a luta entre duas ou mais nações pelo poder. Isso sempre existiu, desde a Roma Antiga, até hoje. Só que hoje a guerra é muito mais ideológica e cultural do que bélica, conforme já apresentei em outros textos.
   Marx, então, usa o pretexto de luta de classes, para mobilizar a grande massa, o proletariado, em prol de uma luta que em nada irá favorecer esse proletariado; conforme o tempo nos mostrou com as revoluções comunistas na Rússia, China, Cuba, etc. Na verdade, a situação do povo nesses países em alguns aspectos até piorou, ou no máximo, ficou como estava, na pobreza. Qual o interesse de Marx em provocar o proletariado. Talvez estivesse ele interessado no poder, talvez não, mas com certeza ele queria provocar a revolução comunista, o que era contrário ao que ele próprio preconizava, pois ele mesmo previu que a revolução do proletariado aconteceria naturalmente com a evolução da sociedade burguesa. Toda a literatura de Marx, e de muitos filósofos especuladores é assim, contraditória. Esse tipo de filosofia se tornou célebre na Grécia Antiga como Escola Sofista. A Escola Sofista dizia que a filosofia não devia buscar uma Verdade Absoluta, mas sim, que a filosofia tinha o poder de persuasão, ou seja, defender qualquer opinião, sendo ela verdadeira ou não. O bom filósofo deveria dominar a arte da retórica, da argumentação, para persuadir e enganar. É a arte da enganação, e é sobre essa filosofia que nossa ciência moderna se construiu. Daí os antagonismos dentro dos argumentos defendidos pelo mesmo pensador. Outro dia vi uma frase numa rede social que exprime bem isso: "O objetivo da guerra é a paz." Ora, nada mais falso do que isso. É claro que esse é o tipo de frase usada para mobilizar um povo à luta, sobre o pretexto de se obter a paz. Mas é lógico que a paz é o oposto da guerra, e uma termina quando começa a outra. É como dizer que o objetivo do ódio é o amor, e o da escuridão é a luz. Conforme já foi dito, o objetivo de todas as guerras é o poder. Na revolução francesa a burguesia queria o poder que estava nas mãos da aristocracia. Nas guerras imperialistas uma nação guerreava com a outra para obter o poder sobre as terras e os povos. Nas guerras de independência um grupo local luta pelo poder contra o colonizador, mas o povo se livra de um dominador estrangeiro e ganha outro dominador local. Os animais lutam pelo poder sobre o território, comida e linhagem (procriação, lutando pelas fêmeas do rebanho). Então, nossas sociedades sempre foram moldadas pelas lutas pelo poder.
   O povo sempre é mobilizado em favor daqueles que querem o poder, mas o povo sempre está na condição de povo, pois conforme eu já expliquei, ao assumir o poder, deixa de ser povo. Mesmo que vencendo a guerra determinado povo experimente certa melhoria na sua qualidade de vida, essa melhoria só foi possível devido à derrota de outro povo, ou seja, a situação de um povo melhorou porque a de outro piorou, então, na verdade, o que temos é que uma sociedade está explorando a outra. Repare que não há a luta de classes, e sim, a exploração por parte de um indivíduo sobre o outro. Uma nação pode ser comparada a um indivíduo no âmbito global, conforme já expus o conceito de indivíduo social. Por isso que defendo que a verdadeira revolução social é aquela que passa pelo mundo todo, mas na verdade, essa revolução só é verdadeira quando cada um de nós mudarmos nossa maneira animal de pensar. Enquanto estivermos lutando pelo poder, a sociedade sempre será desigual, sempre haverá exploradores e explorados. Parece que estou defendendo o conceito de anarquia, mas não, o que estou defendendo é o fim do anseio pelo poder, ou ao menos, desenhar uma sociedade em que fique impossível que um grupo domine outro. Esse é o verdadeiro conceito de igualdade. Por mais que existam as diferenças, não poderá jamais existir a exploração, a dominação, em outras palavras, a escravidão sobre qualquer forma.
   No próximo texto vamos procurar as causas dessa luta pelo poder para podermos entender melhor esse fenômeno e assim tentarmos construir uma sociedade onde essa luta não exista, uma sociedade verdadeiramente livre e igual.

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