quinta-feira, 3 de outubro de 2013

A Causa Primordial

A Causa Primordial


   Vamos deixar um pouco a discussão político-social de lado para falarmos mais sobre a constituição original do ser, pois é somente através dessa compreensão que poderemos saber qual é a sociedade ideal. Entendendo o indivíduo, saberemos qual a sociedade que queremos. O quê somos? De onde viemos? Para onde vamos? Esse texto busca a resposta a estas perguntas.
   Independente da religião, ou mesmo quem não tenha religião, podemos facilmente observar que as coisas não existem sempre. Tudo tem um começo, meio e fim. Todas as coisas tem uma origem. Então se formos retrocedendo hipoteticamente no tempo poderemos chegar até a origem de tudo? Tanto a ciência laica como a religião dizem que sim. Para que tudo tenha uma origem, deve haver alguma causa primordial, antes de tudo, uma causa sem causa, a origem de tudo. A ciência laica desenvolve teorias a respeito disso. As religiões chamam essa origem de tudo de Deus. Vamos chamá-la de Causa Primordial.
   Essa Causa Primordial é a origem de toda matéria, de toda a vida. Como é a origem da vida, a Causa Primordial também é vida, e por ser a origem de tudo, está presente em tudo, por isso se diz que o Senhor é onipresente. Assim como nós temos consciência e inteligência, a origem de tudo também tem, e se é onipresente, logo, é também onisciente.
   Nossa existência e inteligência, conforme temos estudado nos textos anteriores, servem para que possamos transcender a esta condição material e transcender a uma forma de vida bem aventurada. Usamos muito a analogia do leite para constatar nossa condição de vida original. O leite pode transformar-se em vários subprodutos, como a manteiga, o creme, o iogurte, a coalhada, o queijo, o soro, etc. Porém, os subprodutos não podem se transformar no leite, mas o leite está contido nos subprodutos. Os subprodutos são e, ao mesmo tempo, não são leite. Assim como nós, e toda a matéria. Somos subprodutos da Causa Primordial. As qualidades da Causa Primordial estão contidas em nós, mas em uma proporção infinitesimal. Tudo ao nosso redor está contido na, e contém a Causa Primordial.
   A Causa Primordial é toda poderosa. Ela é a origem de todo poder. Por isso ela é toda refulgente. Cada partícula diminuta dessa refulgência é dotada de vida, de conhecimento e de poder, assim como a Causa Primordial. Mas essas partículas se confundem com a Causa Primordial, apesar de serem porções infinitesimais do Infinito. A centelha do fogo tem as mesmas qualidades que o grande fogo que a originou, mas em porções bem menores. A centelha do fogo é e, ao mesmo tempo, não é a fogueira. Assim, nós, que somos essa partícula do Conhecimento, Existência e Potência Eternos, o Supremo, nos confundimos com esse Supremo, e acreditamos que somos nós o Supremo. A origem do desejo, da luta pelo poder, vem da nossa condição de centelha da Causa Primordial, o Supremo. Todos nós acreditamos que somos o Supremo. Vivemos então em disputa para ocupar esse lugar. Mas é óbvio que nós não somos o Supremo. Nós não somos a fonte de todo poder, de todo conhecimento, de toda existência, não somos a Causa Primordial, somos subprodutos dela. Então, toda essa existência material serve para que possamos, através da interação com as outras "centelhas", percebermos nossa constituição original e abandonarmos a luta pelo poder, o desejo, e assim, nos rendermos ao Supremo e recobrar assim nossa existência original livre de sofrimento.

Ação e Reação


   O tempo e espaço são os eixos x e y da natureza material. Eles servem para criar o campo aonde as centelhas, os indivíduos, irão interagir entre si e lutar pelo poder enquanto acreditam que sejam o Supremo. Vale ressaltar que essa condição é inconsciente, lutamos pelo poder inconscientemente, devido à natureza da nossa constituição. Quando despertamos nossa consciência, nós passamos a enxergar esse desejo, essa inclinação natural a lutar pelo poder, e assim, através da inteligência, tentamos superar isso com a devoção ao Supremo. Mas para aqueles que ainda não despertaram, é preciso que haja a interação entre eles. A lei básica da natureza é ação e reação. Toda ação gera uma reação. A interação dos indivíduos no tempo e espaço está sujeita a esta lei. Você colhe o que planta, já diziam os antigos. Boas ações geram boas reações. Más ações geram más reações. Somos lançados nesse universo material para "brincarmos de Deus". Como nenhum de nós é Deus, é o Todo Poderoso, então estamos sujeitos às leis da natureza que regula essa interação e essa disputa pelo poder.
   Assim, nossa existência aqui só termina quando estivermos livres das reações de nossas ações. Essa é a roda da vida. Ele nunca para de girar. A única maneira de escapar dessa armadilha é abandonando essa luta pelo poder. Abandonando o caminho do desejo. Quando nos rendemos ao Senhor, nós abandonamos o resultado das nossas ações e cumprimos com o nosso dever dentro desse mundo sem nos apegar aos resultados, as reações, sejam eles bons ou ruins. Agindo dessa forma, nós nos livramos da roda da vida, e estando assim conscientes da nossa verdadeira constituição, nós estamos livres para retornar ao Lar, voltar ao Supremo.

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