terça-feira, 13 de agosto de 2013

Esquerda x Direita - Parte I - Origem Histórica

Esquerda Direita


Origem Histórica


 Resolvi inaugurar esse blog abordando esse tema, pois muito tem se falado ultimamente sobre direita e esquerda mas percebo que ambos os lados distorcem bastante a realidade sobre si próprio e principalmente sobre o lado oposto, tentando assim manipular a população. O objetivo desse texto é procurar a melhor definição para cada lado no cenário político-social moderno, no Brasil e no mundo. A divisão esquerda x direita, surgiu durante a Revolução Francesa, época na qual surgiram muitos dos institutos políticos-sociais que permeiam nossa sociedade até os dias de hoje. Por isso, vamos voltar um pouco no tempo, até aqueles anos de luta, para melhor compreender a situação.

A Revolução Francesa


 A França era um reinado absolutista, onde o rei governava com poderes absolutos, apoiado pela Igreja. Esse tipo de governo era comum na Europa Ocidental do final do século XVI  até meados do século XIX. Uma frase célebre que resume o absolutismo foi dita pelo rei francês Luís XIV "o Estado sou eu".
 Na França, a administração do rei era subsidiada pela Assembleia dos Estados Gerais que era dividia em três Estados:
1º - Clero - composto pelo Alto Clero muito ligado à nobreza; e pelo Baixo Clero, mais próximo ao povo;
2º - Nobreza (aristocracia) - composta por membros da Corte Real, senhores feudais e altos funcionários do governo;
3º - composto pela burguesia, camponeses, artesãos e trabalhadores urbanos, ou seja, a grande maioria da população francesa, que sustentava os outros Estados através de pesados impostos e dízimos;
  A Assembleia não era reunida desde 1614, devido ao forte caráter absolutistas dos reinados naquela época. Porém, em 1787, o rei Luís XVI tentou impor um imposto à nobreza, sendo fortemente rechaçado. O 1º e 2º Estado então convocaram a Assembleia dos Estados Gerais para tentar reduzir o poder do rei. A reunião aconteceria em 1789.
 A burguesia estava também muito insatisfeita com a situação, pois além de ter que sustentar a nobreza e o clero, não tinha participação nas decisões políticas, uma vez que cada Estado tinha um voto, e o 1º e 2º Estado votavam juntos contra o 3º Estado. A burguesia então começou a se organizar e a mobilizar a população. Nesse período que começou a nascer a imprensa tal qual conhecemos, que nada mais era (e ainda é) que uma forma de mobilização das massas, através de folhetins diários que expunham críticas ao governo. Eles queriam que os votos fossem contados pelo número de deputados, pois o 3º Estado tinha mais deputados que o 1º e 2º juntos. Como o povo viviam na miséria, fome, extrema pobreza, passaram a apoiar as reivindicações da burguesia, pois acreditavam que assim sua situação também melhoraria. Reparem que desde essa época a imprensa era utilizada para formar a opinião do povo em favor de um pequeno grupo. O povo acreditava que aumentando o poder do 3º Estado, ele também teria maior participação nas decisões e assim conseguiria reduzir os impostos e melhorar as condições de trabalho. Será?
 Em 1789, durante a reunião da Assembleia no Palácio de Versalhes, ficou claro a incompatibilidade de ideias. O 1º e 2º Estado queriam limitar o poder do rei, já o 3º queria mais poder nas decisões. O rei, percebendo a situação, tentou fechar a Assembleia impedindo que os deputados entrassem no Palácio. O 3º Estado então se reuniu e formou uma Assembleia Constituinte. O rei tentou impedir, mas foi frustado pela população que apoiava o movimento. A nobreza começou a fugir do país e o 3º Estado (diga-se burguesia) instituiu um governo provisório chamado de Comuna, erguendo a bandeira vermelha, branca e azul que representa os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade e também a divisão dos poderes judiciário, executivo e legislativo.
 A Comuna aboliu o poder da Igreja e confiscou seus bens vendendo-os para a burguesia (eles mesmos).
 Em 1791 foi elaborada a nova constituição transformando a França numa Monarquia Constitucional, onde o rei exercia o poder executivo, e o legislativo era exercido pela Assembleia Legislativa. Nas reuniões da Assembleia Legislativa, a burguesia era a maioria. Os representantes da aristocracia, a nobreza, sentava-se à direita, e os democratas, compostos pela média e baixa burguesia, o baixo clero, enfim, os representantes mais próximos do povo, sentavam-se à esquerda. Daí começou a surgir as divisões de direita e esquerda. Podemos dizer também que as cores da bandeira da França representam essa divisão, pelo menos na época, vermelho o povo, branco a burguesia, e azul a nobreza.
 A esquerda ainda estava insatisfeita com o sistema implantado pela Alta Burguesia e formaram a Comuna Insurrecional de Paris, composta por médicos, advogados, jornalistas, filósofos. Estava mais próxima ao povo, detinha a imprensa e era mais numerosa, e assim, conseguiu mais uma vez tomar o poder em 1792, proclamando a República.
 Agora, a direita da Assembleia era ocupada pelos girondinos, composta por membros da alta burguesia, baixo clero e nobreza; e a esquerda era ocupada pelos jacobinos, composta pela baixa burguesia e membros do povo. No centro ficavam deputados neutros, que basicamente apoiavam a corrente que estava ganhando.
 No cenário externo, os outros reinados absolutistas tentavam invadir a França, com medo que os ideais de liberdade, igualdade, e fraternidade se espalhassem pela Europa. Os nobres franceses que fugiram e mesmo os que ainda viviam na França apoiavam esses exércitos, o povo ainda era oprimido com a fome, guerras e com o caos interno no país com as diversas revoltas que aconteciam. Mais uma vez, a esquerda, os jacobinos, tomou o poder em 1793 e executou o rei, acusando-o de traição por apoiar os exércitos absolutistas.
 Com os jacobinos no poder, sentava-se à direita a ala mais conservadora (antigo centro) e à esquerda a ala mais radical do partido. Iniciou-se então um período de massacres a fim de conter as revoltas internas. Durante o terror jacobino, aproximadamente 40.000 pessoas foram mortas. Tanto a ala esquerda, quanto a ala direita foram exterminadas. Isolados no poder eles conseguiram evitar a invasão dos exércitos absolutistas.
 Porém, em 1794, os deputados do centro (conhecidos como planície), aliados a alta burguesia, depuseram os jacobinos do poder, que sem ter mais quem os apoiassem, pois haviam exterminados todos, foram também executados. A esquerda agora eram os remanescentes dos jacobinos e a direita a aristocracia.
 Em 1799, Napoleão Bonaparte dá um golpe militar e assume o Estado, apoiado pela direita. Posteriormente, a monarquia absolutista volta e é nesse período que a França conhece sua grande ascensão econômica e militar, vindo a dominar grande parte da Europa.

Resumindo:


 Percebam então que direita e esquerda, até aqui, dependiam de quem estava ao centro, ou seja, a situação, e ambas sempre estão tentando assumir o poder (centro). À direita estão sempre aqueles mais alinhados com a situação e com o poder econômico, quanto mais à direita, mais rico; e a esquerda aqueles mais próximos do povo, alinhados com os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, muito inspirados nas ideias de J.J.Rousseau, os ditos socialistas (que buscam o bem estar social), comunistas (buscam o bem comum levando o princípio da igualdade ao extremo) e na extrema esquerda os anarquistas (que buscam uma sociedade utópica onde não exista governo).
 Mas e o povo? O povo é sempre utilizado como massa de manobra. Toda vez que um grupo de esquerda assume o poder, ele passa a ficar numa situação cômoda (central) e não mais defende os interesses do povo. Ano após ano os grupos de esquerda foram tomando o poder e sempre quem continuava à esquerda continuava insatisfeito. O povo NUNCA assume o poder, aliás, o povo não está interessado nesses assuntos, ele fica satisfeito em trabalhar e levar sua vida com o mínimo de conforto necessário, por isso achei muito importante fazer esse blog, para discutir propostas de benefício REAL para toda população, pois tanto a direita quanto a esquerda tentam manipular o povo em benefício próprio.
 Para não estender muito o texto vou deixar para o próximo artigo abordar a questão de esquerda x direita num cenário mais atual.

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