quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Esqueda x Direita - Parte III - Situação Atual

Esquerda X Direita


Situação Atual


 Analisando os dois últimos textos, percebemos então que a direita e a esquerda eram definidas antes pela situação, ou seja, pelo centro, e que depois da 2º Guerra Mundial se tornaram duas correntes ideológicas antagônicas.
 Ouvimos muito a esquerda dizer que a direita representa o poder econômico opressor, o imperialismo, e a direita dizer que a esquerda quer destruir a família, a religião e instalar uma ditadura. Ambos carregam um fundo de verdade. Até o nazismo e o fascismo são atribuídos ora a um, ora ao outro, mas não vou entrar nesse mérito. Para entendermos melhor essas questões precisamos analisar a sociedade e a política.
   A sociedade é dividida em estratos sociais que formam uma pirâmide. A base desta pirâmide é o povo, o trabalhador, urbano ou rural, que produz com seus esforço os bens e serviços necessários para a manutenção dessa sociedade e, por analogia, é o trabalhador que sustenta todas as outras classes, assim como a base sustenta o resto da pirâmide. Essa base é representada em sua maioria pela classe D, mas também em parte pela classe C, pois algumas famílias de trabalhadores conseguem ascender a esta classe atualmente, e algumas ainda permanecem na classe E, sendo que esta última classe ainda abriga muita gente marginalizada, que produz de muito pouco a nada, vivendo à margem da sociedade. No meio da pirâmide estão as classes C e B, composta de pequenos e médios empresários, autônomos, prestadores de serviços e profissionais liberais como médicos e advogados, funcionários públicos de média e alta patente, enfim, o que outrora, na época da Revolução Francesa representava a burguesia. No topo da pirâmide estão os ricos, a classe A, que dispensa comentários. Naquela época era representada pela nobreza e pelo alto clero. Mas o que era a nobreza, a aristocracia?
   No início, um líder nato reunia em torno de si um grupo de pessoas e, pela força, instituía um burgo, um feudo, uma propriedade. Sua família estava no topo daquela sociedade e aquelas pessoas mais próximas, que o ajudaram a compor esse feudo, formavam seu corpo de cavaleiros e defensores, e juntos, formavam a nobreza. As massas recebiam lotes de terras onde tinham a liberdade de produzir o que precisavam para sua subsistência, pagando impostos ao nobre em troca da proteção de suas terras. A nobreza era hereditária, passando de pai para filho, logo, aquele líder nato que outrora fora competente para estabelecer o feudo, agora era substituído por seus herdeiros, muitas vezes mimados inaptos para conduzir o feudo. Então, a nobreza nada mais é do que a manutenção da riqueza pela herança (pois naquela época riqueza era possuir terras, daí surgiu o imperialismo). Portanto, os ricos de hoje são perfeitamente comparados à classe aristocrática de ontem, o mérito de um, o predecessor, se transforma em direito do outro, o herdeiro, mesmo que este não tenha as mesmas qualidades, ou seja, seu único mérito é o fato de ser herdeiro.
   Toda esta explicação tem como objetivo estabelecer uma relação entre direita e esquerda e a sociedade. Quando nos referimos à direita e esquerda, transmitimos uma ideia de horizontalidade, de oposição, mas quando analisamos a sociedade, em forma de pirâmide, percebemos claramente que a direita está ligada ao cume, sendo o seu extremo representado pela Igreja, pois, pelo menos na época da Revolução Francesa, a Igreja era um poder instituído, e como representa o Poder Divino estaria ela situada acima da pirâmide. Logo abaixo da Igreja está a classe aristocrática,  que na época era a situação, o poder, o centro. Abaixo da classe aristocrática está a burguesia e por fim o povo, a extrema esquerda seria então a população marginalizada, como os moradores de rua. Visto dessa forma, a linha horizontal esquerda-direita, é na verdade uma linha vertical base-cume da pirâmide certo? Pelo menos é dessa forma que muita gente pensa e quer fazer a massa em geral pensar, pois mobilizando-se as massas em favor próprio, obtém-se grande vantagem no jogo pelo poder. Mas será que os ditos grupos políticos realmente representam os estratos sociais nos quais estão inseridos?
   Basta analisarmos todas as revoluções que aconteceram para perceber que não. A própria Revolução Francesa, que foi uma revolução da burguesia sob os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade; transformou-se em enorme rixa entre a própria burguesia, numa luta constante pelo poder entre facções inseridas dentro da mesma camada social. A Revolução Russa, arquitetada também pela burguesia sob os ideais comunistas, transformou-se numa enorme ditadura do partido comunista sobre o povo, que continuou em situação de extrema pobreza. Calcula-se que vinte e três milhões morreram pela ditadura stalinista. Será que o povo, na China ou em Cuba, realmente está no poder? Existe realmente igualdade nesses lugares? 
   É óbvio que em  todas as classes sociais a maioria das pessoas não está preocupada com intrigas pelo poder, elas querem simplesmente tocar as suas vidas. Os grupos políticos estão interessados unicamente no poder, e apesar de estarem inseridos dentro de uma determinada classe social, de fato, não a representam, e tampouco trarão benefícios diretos a esta classe tão logo assumam o poder. Na verdade, para os poderosos mesmos, pouco importa quem está no poder, vou explicar.
   Durante a Revolução Francesa, em todas as reviravoltas, um grupo de deputados sempre permanecia no centro, neutros, sem tomar partido para direita ou esquerda, eles sempre apoiavam as causas vencedoras. Esse grupo sempre apoiava também os golpistas quando vinham tomar o poder, em todas as vezes que isso aconteceu. Esse grupo é o verdadeiro grupo dominante, o grupo que está por trás da disputa política e sempre está em cena. Qualquer semelhança com alguns partidos políticos atuais no Brasil não é mera coincidência. Porque você acha que políticos como Sarney, Collor, ACM, Jader Barbalho, Maluf, etc, sempre estão no poder? É comum os jornais chamaram esses partidos aos quais pertencem esses políticos de partidos de aluguel, mas vejam, eles sempre estiveram no poder. Quem está brigando pelo poder? Ultimamente PT e PSDB. Reparem que para chegar a presidência, e para mantê-la, esses partidos tiveram que buscar o apoio desses poderosos, sem os quais não conseguiriam uma campanha sólida e, depois de eleitos, não conseguiriam tocar os seus governos. Daí o aparelhamento da máquina pública, daí os mensalões nas diferentes esferas. Reparem que não é o PMDB ou o DEM que são partidos de alugueis, uma vez que desde sempre esses coronéis já ditavam as regras nas suas respectivas oligarquias, os governos é que são de alugueis. Os governos que se vendem aos interesses desses poderosos para se manterem. Enquanto a direita e a esquerda estiverem brigando, o centro, os poderosos, sempre saem ganhando, e o povo sempre sai perdendo. Não existem projetos de governo, existem projetos de poder. O PT ou o PSDB não estão preocupados com o bem estar social, com o socialismo ou com o liberalismo, estão preocupados em estar no poder, e quanto mais acirrada for a disputa, melhor para os coronéis do centro, pois mais vantajosas serão as alianças.
 Durante a Guerra Fria, o mundo inteiro foi submetido a propaganda daqueles dois países, reflexo disso nós vemos até hoje nas discussões políticas, mas quem estava ganhando com tudo isso? Os poderosos daqueles dois países. O objetivo de ambos era o de ampliar a área de influência e, consequentemente, ampliar o poder. É claro que o povo desses países subvertidos, não tem nada a ganhar em alinhar-se a qualquer uma das ideologias, como se fossem as únicas verdades absolutas do universo. Tanto não são verdades que a URSS ruiu, Cuba pede o fim do embargo dos EUA. Mas como um país comunista precisa de um país capitalista? E o próprio capitalismo está em crise, vide a situação da Europa. Nós o 3º mundo, continuamos sendo dominados. Nenhuma dessas ideologias nos interessa. Ambas foram construídas para subverter o povo em revoluções que serviram para instituir determinados grupos no poder.
 O capitalismo que prega a liberdade é cruel, criando uma animosidade e competição entre os iguais, sob a falsa promessa de uma riqueza que nunca vem. O comunismo que prega uma revolução do proletariado, o fim da propriedade privada, uma utopia que na prática torna-se ditadura, pois enquanto existir um governo que dita as regras, existirá uma classe dominante. A anarquia é a lei da selva, ou seja, uma volta a época dos bárbaros.
 Lembram daquela linha imaginária esquerda base - direita cume?  Esqueça. Na verdade, tanto a direita quanto a esquerda querem o cume da pirâmide. O poder pelo poder. Não há como o povo todo assumir o poder, ou seja, a pirâmide se sustentar no cume, isso é impossível e só um louco não consegue enxergar isso. No fundo, o que os comunistas querem, é o fim da pirâmide, sobrando só a base, ou seja, a instituição da pobreza geral. Será mesmo que é essa a igualdade que queremos? Todos igualmente pobres? Ou é aquele comunismo de Cuba, ou da China, onde existe uma ditadura, onde o povo é oprimido em favor do governo, do partido?
   Por isso meus amigos, não deixem que militantes disfarçados tentem manipular as manifestações. Manifestações apartidárias são melhores do que militância partidária. Precisamos de reformas profundas nas instituições políticas do Brasil e não de grito de guerra de partidos. Não deixem determinados grupos políticos se apropriarem das manifestações, essa apropriação só interessa a esses grupos políticos, não ao povo. Como Rousseau já previa, a partir do momento que o povo nomeia representantes, a voz do povo deixa de ser ouvida, pois quem fala é o representante, e este fala primeiro em benefício próprio, depois em benefício geral.
   Por isso que resolvi criar esse blog, para discutirmos juntos propostas que possam verdadeiramente melhorar nossa sociedade. Não é uma ditadura, seja ela de esquerda ou de direita, que vai resolver nossos problemas. Vejam o caso do Egito. Existem grupos, de esquerda e de direita, querendo instalar uma crise social para justificar uma ditadura. Não permitam isso. Não se deixem manipular por ONGs ou grupos que se dizem apartidários mas que trazem um forte discurso político ensaiado. Todas as revoluções se voltaram contra o povo pois o povo sempre foi manipulado por grupos que almejavam o poder. É preciso ter um plano definido, saber onde queremos chegar primeiro, para depois buscarmos uma revolução. Se nós não sabemos o que queremos, eles sabem, e vão usar o povo para conseguir isso. Então, vamos discutir primeiro aonde queremos chegar, é a revolução da consciência, para depois partirmos para a revolução social. No próximo texto vamos começar a discutir isso.

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