domingo, 18 de agosto de 2013

Esquerda x Direita - Parte II - Imperialismo

Esquerda x Direita

 

Imperialismo

 

   Conforme vimos no texto anterior, a divisão política entre direita e esquerda surgiu durante a Revolução Francesa e ela tem como base o ponto de vista da situação, ou seja, de quem está no centro, no poder. Isso mudou um pouco depois da Segunda Guerra Mundial, onde o mundo ficou dividido em dois grandes blocos, os socialistas de um lado (representado pela esquerda), e os capitalistas do outro (representado pela direita). Os países foram então classificados em Primeiro Mundo (capitalistas), Segundo Mundo (socialistas) e Terceiro Mundo (países em desenvolvimento, ou subdesenvolvidos). Vamos entender melhor esse movimento histórico do final da revolução francesa até a 2ª Guerra.

Imperialismo


 Durante a Revolução Francesa, um jovem oficial, Napoleão Bonaparte, foi se destacando no comando de tropas. Ele combateu os forças absolutistas derrotando-as e anexando territórios à França. Foi durante o governo jacobino que Napoleão conquistou o posto de general. A cada conquista Napoleão ia se consagrando como herói, ao ponto de, em 1799, aliado aos girondinos, dar um golpe de estado, temendo pela instabilidade política na França.
 Por aí já podemos ter uma boa visão do que é a política. Napoleão ascendeu durante o governo Jacobino, e aliando-se a eles tornou-se o poderoso general que, depois, aliado aos Girondinos, adversários dos Jacobinos, tomou à força o poder da França.
 As guerras externas continuaram e Napoleão foi expandindo o território francês a medida que derrotava as outras potências Absolutistas. Napoleão criou importantes instituições na França, fortalecendo a economia, melhorando a educação, a administração. Nesse período também cresceu bastante o patriotismo e nacionalismo. A imprensa, a educação pública (em substituição a educação dada pela Igreja) e a Academia Militar são as instituições responsáveis por imprimir o patriotismo e o nacionalismo em seu povo. Exaltando as qualidades da Nação e ridicularizando as Nações adversárias você tem um povo submisso ao Estado, às Leis, às instituições públicas, e um exército fiel e proativo. É claro que devemos sim proteger nossas raízes, manter nossa cultura e defender os nossos, porém, por melhor que nossa cultura possa parecer, por mais desenvolvida que nossa sociedade possa parecer, isso não nos dá o direito de invadir outros territórios, destruir outras culturas e subjugar povos.
 Então, a antiga sociedade feudal e o colonialismo estavam dando lugar ao imperialismo, ou seja, as nações queriam, cada uma delas, governar o mundo, se apoderando das riquezas mundiais. Ainda imperava a ideia de que a riqueza e, consequentemente, o poder, emanavam da terra, daí a necessidade de se obter a maior extensão de terra possível.
 Como consequência da Revolução Industrial, cada nação precisava a todo custo controlar o acesso as matérias primas, pois assim, controlariam também a produção, os produtos e, consequentemente, a economia mundial. Iniciou-se então uma enorme corrida belicista, chegando no ápice na 2ª Guerra Mundial.
 No final da Grande Guerra, foi criada a ONU, pois os vitoriosos perceberam que a lógica belicista tinha que mudar, pois senão a humanidade iria se destruir em guerras. A ONU foi criada justamente para impedir a dominação das nações pelo poderio militar, mas como veremos, o imperialismo apenas mudaria de forma.
 Duas grandes potências se consagraram no final da guerra como as vitoriosas, eram elas o EUA e a URSS. Então, através da ONU, dividiram o antigo mundo colonizado em "áreas de influência". Não havia mais colônias como antigamente, mas o mundo continuava dividido entre as grandes potências. Povos inteiros foram divididos entre EUA e URSS e com a ONU para impedir a invasão militar, começou o período conhecido como Guerra Fria, onde EUA e URSS disputavam a hegemonia mundial através da propaganda ideológica.

Guerra Fria


 Perceba então que o antigo imperialismo belicoso agora dá lugar a um imperialismo ideológico. O mundo foi divido entre capitalistas e socialistas, direita e esquerda. Na verdade o mundo foi dividido entre os EUA e a URSS, ambos imperialistas, ambos tentando governar o mundo subvertendo-o à sua própria lógica.
 A subversão agora não se dá mais através da força, ainda que em muitos países aconteçam guerras entre as forças de esquerda e de direita, porém, essas forças são cooptadas dentro de cada país através da propaganda, da ideologia. Por exemplo, a guerra do Vietnã. O Vietnã, como o resto do mundo, foi dividido entre as duas potências, cada parte recebendo forte propaganda, e cada parte querendo reunificar a outra sob sua própria ideologia. Daí a guerra.
 Ou seja, divide-se um povo primeiro, depois esse povo é submetido a diferentes ideologias de subversão e então, cada parte desejando reencontrar a parte perdida quer submeter aquela parte à nova ideologia a que foi submetido. Então, os EUA armam sua área de influência e a URSS arma o outro lado e eles entram em conflito, daí justifica-se a intervenção militar externa, dos EUA ou da URSS, como os grandes salvadores do bem e da ordem. Percebam que é uma nova maneira de escravidão. Essa lógica existe até hoje, mesmo com o fim da URSS, é só vermos o caso do Iraque, Egito e agora a Síria. A pergunta que devemos fazer é: a quem interessa?
 Se antes a direita e esquerda representava diferentes setores da sociedade lutando pelo poder dessa sociedade, agora a direita e esquerda representa diferentes potência lutando pela hegemonia mundial. Por isso não podemos ficar por aí defendendo os ideais de direita ou esquerda, pois eles sempre existiram para que determinado grupo assumisse o poder, dentro de uma sociedade, seja uma cidade, uma nação, ou o mundo.
 Mesmo com o fracasso do modelo soviético e, teoricamente, com o fim da Guerra Fria, a guerra ideológica continua. No próximo texto vamos analisar melhor a situação das últimas décadas.

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